SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

ESCONDE-ESCONDE

Orçamento secreto: Você sabe como ele funciona e quem ganha com isso?

O chamado orçamento secreto não sai das manchetes dos jornais, muito se fala nisso, mas poucos sabem exatamente como ele é operado. As promessas de emendas parlamentares têm sido uma constante nas votações consideradas estratégicas para o governo, e na PEC 32/2020 esse método de compra de votos voltou à pauta. A seguir, o Sintrajufe/RS explica como o orçamento secreto funciona e por que o governo quer tanto mantê-lo como está.

Os últimos movimentos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e de suas lideranças no Congresso deixam claro o quanto o orçamento secreto tem sido importante para seus planos. É o que comprova o documento divulgado em conjunto pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no qual afirmam que irão descumprir decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A informalidade para esconder o balcão de negócios

Os orçamentos anuais do governo prevêem sempre um determinado volume de recursos cujo destino deverá ser definido pelos parlamentares. Elas são incluí­das na Lei Orçamentária por meio de emendas, com valor definido e com recursos divididos igualmente na Câmara. Elas podem ser de três tipos: emendas individuais, com cada parlamentar decidindo onde alocar o dinheiro; emendas de bancada, cujo destino dos recursos é decidido coletivamente pelas bancadas estaduais ou regionais; e emendas de comissão, emendas coletivas de comissões permanentes da Câmara ou do Senado. Nesses três casos, são recursos destinados a investimentos em saúde e educação, com divulgação pública tanto dos beneficiáriosmunicí­pios ou estadosquanto dos parlamentares autores das emendas.

Em 2019, porém, foi criado um novo tipo de emenda: as emendas de relator-geral. Nesse caso, os valores não são distribuí­dos de forma igualitária entre os parlamentares. É o relator-geral da Lei Orçamentária quem inclui as emendas, em seu nome. Para que o faça, ocorre uma negociação informal , de bastidores, que envolve o governo, lideranças parlamentares e deputados. Desde sua eleição para a Presidência da Câmara, é Arthur Lira o principal operador do esquema. O governo e Lira negociam diretamente com os parlamentares, cujos nomes não aparecem vinculados às emendas. Ou seja, não se sabe oficialmente o deputado que destinou o recurso, nem como ocorreram as negociaçõesou o que o governo ofereceu em troca. As emendas de relator compõem o que se chama, pela falta de nominação dos deputados, de orçamento secreto.

Sem critérios técnicos e transparência, portas abertas para o desvio de recursos e a compra de votos

Como se vê, as emendas de relator não obedecem sequer a critérios técnicos, não são distribuí­das de forma igualitária e não oferecem transparência sobre a destinação de recursos públicos. Assim, servem a dois propósitos: a compra de votos de deputados e deputadas em projetos de interesse do governo, em uma ponta; e, em outra, o desvio de recursos destinados via esse tipo de caminho.

Em relação à corrupção, nas últimas semanas têm se repetido denúncias sobre o que vem sendo chamado de feirão das emendas ou tratoraço . São casos de deputados que enviaram, via emendas de relator, recursos para a compra, por exemplo, de tratores e máquinas agrí­colas, mas com os equipamentos superfaturados. No iní­cio de outubro, o Sintrajufe/RS publicou matéria com a informação de que a Polí­cia Federal estava investigando parlamentares por desvios desse tipo.

No fim do mesmo mês, nova denúncia: conforme reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, pelo menos 30 parlamentares destinaram verbas públicas para compras de tratores e máquinas agrí­colas sob suspeita de superfaturamento. Os nomes dos deputados e senadores por trás das emendas do ˜tratoraço™ vinham sendo mantidos em sigilo graças a um acordo do Executivo com lideranças do Congresso para viabilizar o orçamento secreto e construir uma base de apoio parlamentar ao governo Jair Bolsonaro . Porém, investigação do jornal com base em documentos da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério do Desenvolvimento Regional acabou por descobrir quem são os parlamentares. A lista inclui o lí­der do PSL na Câmara, deputado Vitor Hugo (GO); o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Congresso; e o relator-geral do Orçamento de 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE). Há quatro deputados do Rio Grande do Sul apontados pela investigação: Giovani Cherini (PL), Lucas Redecker (PSDB), Marlon Santos (PDT) e Maurí­cio Dziedricki (PTB).

Mas o prejuí­zo causado pelo uso das emendas de relator não se limita ao superfaturamento e ao desvio de verbas públicas. Elas têm sido usadas pelo governo Bolsonaro para comprar votos de parlamentares. O governo libera as emendas do orçamento secreto apenas para os deputados e as deputadas que votem como Bolsonaro, Paulo Guedes e Lira determinam. Os valores são altos: para a eleição do próprio Arthur Lira à Presidência da Câmara, foram oferecidos R$ 10 milhões para cada deputado que votasse com o candidato governista. Antes, na reforma da Previdência, o valor foi de R$ 20 milhões por deputado, e o dobro para os lí­deres partidários. Agora, na PEC dos Precatórios e na reforma administrativa (PEC 32/2020), os valores oferecidos são de, respectivamente, R$ 15 milhões e R$ 20 milhões para cada voto a favor do governo. Alguns desses números já eram de conhecimento público; outros foram revelados nesta semana em entrevista do deputado Delegado Waldir, ex-lí­der do PSL, descontente com não ter recebido parte dos valores prometidos. Em 2021, os valores previstos no orçamento secreto chegam a R$ 20 bilhões, boa parte liberados às vésperas de votações importantes no Congresso.

STF proí­be, Lira e Pacheco descumprem e não querem falar do passado por medo de rebelião

No dia 9 de novembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu proibir o pagamento das emendas de relator e a execução do orçamento secreto. A decisão, tomada após ação movida pelos partidos Psol, PSB e Cidadania, também determinou que as emendas desse tipo executadas em 2020 e 2021 ganhem transparência, com a divulgação dos nomes dos autores de cada uma. Porém, nesta semana, a Câmara e o Senado divulgaram ato conjunto afirmando que não farão a divulgação dos nomes e essa publicização só ocorrerá com as emendas futuras.

A preocupação em esconder os nomes de quem já foi beneficiado parece ter como um de seus objetivos evitar novas rebeliões como a do ex-lí­der do PSL, Delegado Waldir. Se a lista completa for divulgada, ficará claro quem está sendo atendido e quem não está, e quanto cada um está ganhando. Isso pode gerar descontentamentos dentro da própria base governista. Na próxima semana, o Congresso pode votar projeto que pode aumentar a transparência sobre as emendas de relator, mas sem afetar as já utilizadas nos últimos dois anos.

Envie mensagens a deputados e deputadas do RS e pressione contra a PEC 32!

São apenas mais quatro semanas para derrotar a reforma administrativa em 2021. A pressão sobre deputados e deputadas tem que ser total. Mande mensagens por WhatsApp e e-mail, comente nas redes sociais deles. Com nossa mobilização, podemos derrotar essa proposta.

Já enviaram ao Sintrajufe/RS mensagens no mesmo sentido as deputadas Fernanda Melchionna (Psol) e Maria do Rosário (PT) e os deputados Bohn Gass (PT), Henrique Fontana (PT), Heitor Schuch (PSB), Marcon (PT), Paulo Pimenta (PT) e Pompeo de Mattos (PDT). O PSB também já manifestou posição contra a proposta, assim como o deputado Afonso Motta (PDT).

Veja abaixo os contatos dos deputados do PTB e do Republicanos:

Já votou contra os serviços públicos e a favor da PEC 32 na CCJ e na Comissão Especial da Câmara.

MARCELO MORAES (PTB)
E-mail:
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Instagram: https://www.instagram.com/depmarcelo.moraes/
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