SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DITADOR

Perseguição contra opositores avança e governo Bolsonaro fecha o cerco sobre a liberdade de expressão; veja novos casos

O uso das forças de segurança e do aparato do Estado para calar a oposição vem crescendo no Brasil. Nos últimos dias, novos casos de tentativas de cerceamento à liberdade de expressão e à crí­tica polí­tica voltaram a ligar o alerta sobre a necessidade de defender o direito a denunciar as ações do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Outdoors contra Bolsonaro

Nessa quarta-feira, 17, matéria publicada no jornal O Globo informou que o ministro da Justiça, André Mendonça, acionou a Polí­cia Federal para que investigue duas pessoas que fizeram outdoors contra Bolsonaro. Uma das mensagens, instaladas em Palmas (TO), afirma que Bolsonaro “vale menos que um pequi roí­do”, uma gí­ria para quem não tem valor. O outro cartaz diz que o presidente mente. São investigados a pessoa que pagou pelos outdoors e o dono da gráfica que instalou os cartazes, em agosto do ano passado. Conforme O Globo, um empresário local apresentou uma notí­cia de fato à PF, mas o órgão ressaltou que, de acordo com o Código Penal, crimes contra a honra cometidos contra o presidente da República só podem ser investigados mediante representação do ministro da Justiça. O Ministério Público reforçou a posição, e o caso foi arquivado, mas uma comunicação foi enviada ao Ministério da Justiça. Em dezembro, Mendonça determinou a abertura do inquérito .

No iní­cio deste mês, o Sintrajufe/RS já denunciara perseguição contra a professora e dirigente sindical Erika Suruagy, da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), por conta de outdoors que criticavam Bolsonaro. Entre agosto e setembro de 2020, um grupo de sindicatos, entre eles a Aduferpe, instalou 72 outdoors em diversas cidades de Pernambuco. As peças traziam os seguintes dizeres: O senhor da morte chefiando o paí­s. No Brasil, mais de 120 mil mortes por COVID-19. #ForaBolsonaro . A professora, vice-presidente da Aduferpe, foi convocada a depor na Polí­cia Federal em inquérito criminal aberto por Bolsonaro para apurar a colocação de outdoors que alertam para a polí­tica genocida do governo frente à pandemia.

No final do ano passado, a Frente dos Servidores Públicos do RS, da qual o Sintrajufe/RS faz parte, também contratou outdoors, em todo o estado, para denunciar o governo, na perspectiva da luta contra a reforma administrativa. Em diversos locais, essas peças foram alvo de vandalismo.

Genocida

Outro caso de cerceamento da liberdade de expressão que ganhou destaque nos últimos dias envolveu o youtuber Felipe Neto. Na última segunda-feira, 15, o comunicador foi intimado a depor sob acusação de crime contra a segurança nacional . O motivo foi ter chamado Bolsonaro, lí­der de um governo que multipliou as mortes relacionadas à pandemia, de genocida . Em suas redes sociais, Felipe Neto explicou: Minha atribuição do termo ˜genocida™ ao Presidente se dá pela sua ní­tida ausência de polí­tica de saúde pública no meio da pandemia, o que contribuiu diretamente para milhares de mortes de brasileiros. Uma crí­tica polí­tica não pode ser silenciada jamais! . A investigação foi aberta a pedido de Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Na manhã desta quinta-feira, 18, a Justiça mandou suspender a investigação. Como resposta à perseguição, Felipe Neto lançou o projeto Cala boca já morreu , uma frente de defesa gratuita para quem for alvo de abuso de autoridade contra a liberdade de expressão.

Manifestantes presos em Brasí­lia

Nesta quinta, em Brasí­lia, cinco pessoas foram presas por estenderem uma faixa contra Bolsonaro na Praça dos Três Poderes. Segundo a Polí­cia Militar, “o grupo foi detido sob a acusação de infringir a Lei de Segurança Nacional ao divulgar a cruz suástica associando o sí­mbolo ao presidente da República”. A faixa chamava o presidente de “genocida”. O grupo foi levado para a Delegacia da Polí­cia Federal, onde ficou por cerca de seis horas e depois foi liberado.

Reiteradas tentativas de censura sob Bolsonaro

Em diversas ocasiões nos últimos meses, o Sintrajufe/RS vem denunciando as reiteradas tentativas de censura e os casos de perseguição do governo Bolsonaro contra servidores públicos. Em outubro de 2020, por exemplo, o sindicato alertou para nota técnica da própria CGU que ampliou o conceito de recinto de repartição para possibilitar que as casas dos servidores sejam consideradas local onde crí­ticas não podem ser dirigidas aos órgãos onde atuam. Isso quer dizer, na prática, que as redes sociais dos servidores passam a ser objeto de censura.

Em agosto, o Sintrajufe/RS já apontara, a partir de levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo, a disparada dos casos de assédio moral na gestão pública sob o atual governo. Em junho, o Sintrajufe/RS noticiara que servidores do Ministério, sob o comando do general Eduardo Pazuello, vêm sendo ameaçados de censura, com mensagens das chefias afirmando que a ascensão profissional pode ser definida de acordo com o que se divulga nas redes socais. No mesmo mês, o sindicato também denunciara os ataques do governo à autonomia das universidades, o que se repetiu no iní­cio de março na UFPel.

Reforma administrativa também quer calar servidores e servidoras

O Sintrajufe/RS já denunciou também que a reforma administrativa reforça o clima de autoritarismo e as práticas de cerceamento no serviço público. Veja abaixo o ví­deo divulgado pelo sindicato sobre o tema: