Os trabalhadores e as trabalhadoras de um depósito da Amazon em Nova York aprovaram, na última sexta-feira, 1º, a criação do primeiro sindicato de funcionários da empresa nos Estados Unidos. A vitória na votação pela criação da entidade rompe uma barreira histórica, já que a Amazon e outras grandes empresas atuam fortemente para impedir a existência de sindicatos nos Estados Unidos.
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Desde a década de 1990, quando foi fundada, a Amazon conseguia impedir todas as tentativas de criação de sindicatos em suas unidades. Durante a campanha em Nova York, a empresa tentou dissuadir a sindicalização por meio de reuniões obrigatórias e com cartazes e outras mensagens nos locais de trabalho. Mesmo assim, apesar das pressões patronais, os trabalhadores do depósito Staten Island JFK8 aprovaram a sindicalização com 2.654 a 2.131 votos, de acordo com uma contagem da agência federal de relações trabalhistas. Christian Smalls, trabalhador demitido em 2020 e que, agora, liderou a criação do sindicato, agradeceu ironicamente ao fundador da Amazon, Jeff Bezos, por ter ido ao espaço: enquanto ele estava lá, nós estávamos buscando o apoio das pessoas [para a criação do sindicato] .
A Amazon defende que a sindicalização prejudicará relações diretas entre a empresa e os trabalhadores e será um salto para o desconhecido . Uma situação muito semelhante à que o Brasil vive após a reforma trabalhista de 2017, a partir da qual ficaram legalizadas diversas formas de acordos diretos entre patrões e trabalhadores, o que, na prática, deixa os funcionários como reféns das empresasa alterantiva a não aceitar as condições impostas é perder o emprego.
A precarização das relações de trabalho sem sindicatos é comprovada na prática pela realidade vivida pelos trabalhadores na própria Amazon. Em abril de 2021, o Sintrajufe/RS publicou matéria na qual tratava das condições de trabalho na empresa. Isso porque desde o fim de 2020 foram desencados nos Estados Unidos protestos por mais direitos e garantias básicas para os trabalhadores e as trabalhadoras da Amazon, que são, até mesmo, obrigados a urinar em garrafas, além de diversas outras denúncias, como a violação dos horários de almoço.
Em junho de 2021, matéria publicada pelo Sintrajufe/RS comparava a situação dos trabalhadores da Amazon nos Estados Unidos com o que ocorreu na fábrica Calçados Zenglei, em Novo Hamburgo: impedida de ir ao banheiro, uma trabalhadora urinou na própria roupa no local de trabalho, desencadeando protestos.