SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DISPOSIÇÃO DE LUTA

Sob chuva e com Barroso ausente, categoria dá o recado pela antecipação e manifesta indignação com onda de benefícios à magistratura

Os trabalhadores e as trabalhadoras do Judiciário Federal no Rio Grande do Sul realizaram, nesta sexta-feira, 17, um ato em frente ao TRT4 para defender a antecipação da última parcela da reposição salarial da categoria. O ato foi convocado pelo Sintrajufe/RS para marcar a vinda a Porto Alegre do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. O ministro não apareceu, mas o recado foi dado: a luta para repor as perdas salariais vai seguir.

Com colegas da Justiça Federal e da Justiça Eleitoral também presentes, servidores e servidoras da Justiça do Trabalho realizaram a manifestação mesmo sob chuva. Com apitos e cartazes, reivindicaram que a parcela da reposição salarial prevista para 2025 seja antecipada para 2024.

Novo benefício para a magistratura por “atividades administrativas ou processuais extraordinárias” causou indignação

Mesmo na passagem pelos locais de trabalho já era possível perceber a indignação dos colegas com a recente decisão do Conselho da Justiça Federal (CJF) de conceder a juízes e juízas um novo benefício, que pode gerar dez folgas por mês ou até R$ 11 mil mensais para a magistratura por conta de “atividades administrativas ou processuais extraordinárias”. Essa questão vem sendo tratada pelo Sintrajufe/RS nas últimas semanas e ganhou repercussão nacional nos últimos dias. A medida está sustentada na resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), presidido pelo ministro Barroso, que equiparou benefícios recebidos por juízes e integrantes do Ministério Público da União (MPU).

Conforme o Sintrajufe/RS noticiou nesta semana, o TRT4 também já iniciou movimentos que geram preocupação nesse sentido: o tribunal acaba de criar um grupo de trabalho para “estudo da simetria entre as carreiras de membros da Magistratura e do Ministério Público”. Também o Tribunal de Justiça de Goiás já se movimentou: por meio de resolução, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) definiu a instituição da “licença compensatória” para seus juízes e juízas.


Quais as prioridades do orçamento?

Ao longo das falas de diretores e diretoras do Sintrajufe/RS durante o ato, a luta pela reposição salarial foi destacada, por um lado, enquanto, por outro, reforçou-se a indignação com o novo benefício dos magistrados. O direcionamento de mais e mais fatias do orçamento do Judiciário para a magistratura contrasta com a dificuldade de aprovar-se as demandas dos trabalhadores.

O diretor Zé de Oliveira destacou a importância de antecipar a última parcela da reposição salarial para começar a buscar a reposição das perdas totais, e apontou que a decisão do CJF demonstra mais uma vez que há orçamento disponível para tanto. O diretor Marcelo Carlini reforçou essa posição, afirmando que “a vida provou que estávamos certos” quando o sindicato dizia haver orçamento suficiente para a reposição dos servidores, e classificou como inaceitável a aprovação do benefício no CJF.

O diretor Eduardo Felin elogiou a disposição de luta da categoria e lembrou que, em momentos como este, o Sintrajufe/RS tem puxado as mobilizações necessárias, o que, para ele, reforça a importância de que cada colega se filie à entidade e participe da vida do sindicato. Por sua vez, a diretora Arlene Barcellos lamentou que, enquanto no TRT4 seja preciso sempre disputar orçamento até mesmo para repor servidores do órgão, em apenas seis minutos o CJF aprovou um benefício tão farto para a magistratura.

Em sua fala, a diretora Cristina Viana caracterizou a ausência de Barroso na atividade promovida pelo TRT4 como “sintomática”, em um momento no qual vive-se a necessidade de defender a Justiça do Trabalho – por conta de decisões do próprio STF, que enfraquecem a JT – e em que a disputa pelo orçamento está flagrante. Por fim, sob forte chuva, o diretor Zé Oliveira retomou a palavra para encerrar o ato e caracterizar a decisão do CJF como “uma das mais vergonhosas que já vimos no Judiciário Federal” e sublinhar que os servidores e servidoras não fazem parte disso: “não queremos penduricalhos ou privilégios”, concluiu.