O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) divulgou, nesta terça-feira, 23, nota na qual repudia a tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de tomar para si a responsabilidade pela criação do Pix, meio de pagamento eletrônico que facilita transferências no Brasil. Na nota, o Sinal critica o uso político e eleitoral de um instrumento que já vinha sendo gestado meses antes da chegada de Bolsonaro à Presidência.
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Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na segunda-feira, 22, Bolsonaro voltou a repetir que é o criador do Pix: Criamos o Pix tirando dinheiro de banqueiros , disse ao vivo, repetindo o falso argumento de que organizações como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) assinaram carta em defesa da democracia, em resposta às ameaças golpistas de Bolsonaro.
A nota do Sinal explica que o início do projeto do Pix é bem anterior ao mandato do atual Presidente da República e que a portaria do Banco Central n. 97.909, que instituiu o grupo de trabalho para desenvolver uma ferramenta interbancária de pagamento instantâneo, foi publicada em 3 de maio de 2018, muito antes da eleição do atual governo . Além disso, a nota destaca que o Pix não constou no programa de governo de Bolsonaro quando candidato em 2018. E conclui apontando que o verdadeiro responsável pela criação do Pix é o serviço público: Tal sistema de pagamento instantâneo foi criado e implementado pelos Analistas e Técnicos do Banco Central do Brasilou seja, por servidores concursados de estado, não pelo atual governante ou por qualquer outro governo .
Além disso, o Pix não tirou dinheiro dos bancos. Sem agências, os bancos gastam menos com segurança e para movimentação do dinheiro em papel. A transferência gratuita colabora para essa economia. Sob Bolsonaro, os bancos lucram cada vez mais: apenas em 2021, os quatro maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) lucraram, juntos, R$ 81,6 bilhões, o maior valor já registrado.
Enquanto os servidores e servidoras do Banco Central criaram o Pix, o que Bolsonaro faz é atacar os serviços públicos que possibilitaram a formulação desse sistema de pagamento. Tentou, via reforma administrativa (PEC 32/2020), acabar até mesmo com os concursos públicos que possibilitaram a contratação desses servidores, assim como com a estabilidade que permite que o trabalho deles seja autônomo e continuado de governo para governo. Além disso, a falta de suprimento de cargos vagos e o congelamento salarial precarizam o trabalho de servidores e servidoras, e Bolsonaro será o primeiro governante a concluir seu mandato sem conceder reposição salarial ao funcionalismo. Por isso, os próprios servidores e servidoras do Banco Central estão, neste momento, em greve, reivindicando a reposição das perdas salariais que vêm acumulando.