SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

PRECATÓRIOS

Governo federal quer mudar regra que atrasa pagamento de precatórios; PEC dos Precatórios foi embalada por motivação eleitoreira

O governo Lula (PT) está recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para alterar a regra de pagamento dos precatórios. Criada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) no quadro do ajuste fiscal, a regra torna a prestação jurisdicional mais distante da população e cria uma “bola de neve” impagável no médio prazo. Para acomodar o aumento do Auxí­lio Brasil para R$ 400 (ele acabou sendo fixado, pelo Congresso, em R$ 600) em um ano eleitoral, o governo anterior decidiu criar um teto para pagamento dos precatórios.

Os precatórios são dí­vidas judiciais da União que já não podem mais ser contestadas. Essas dí­vidas eram pagas ano a ano até 2021, quando o governo Bolsonaro aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) 23, conhecida como PEC dos Precatórios , transformada, então, na emenda constitucional 113/2021. Com ela, foi fixado um limite máximo para o pagamento de precatórios, vinculado ao teto de gastos, de forma que o restante passou a acumular-se.

A medida liberou cerca de R$ 100 bilhões para o orçamento de 2022 Mas deixou sem pagamento os credores e deu iní­cio à geração de uma bomba fiscal com prazo para estourar: 2027, quando acabam os efeitos da PEC, já tendo acumulado, até lá, R$ 250 bilhões.

As estimativas do governo apontam que, em 2024, a soma de precatórios a pagar irá alcançar R$ 95 bilhões. Para liberar esses pagamentos, beneficiando os credores e impedindo a formação de uma bola de neve ainda pior, o Ministério da Fazenda encaminhou parecer à Advocacia-Geral da União (AGU) defendendo que o STF defina parte da PEC dos Precatórios como inconstitucional e determine o pagamento imediato de todas as dí­vidas já expedidas.

A intenção do governo é que o valor da dí­vida em si seja classificado como despesa primária e, os juros, como despesa financeira. Dessa forma, os juros ficaram de fora dos limites impostos pelas regras fiscais. Já para pagar o valor classificado como despesa primária, o governo pediria ao Congresso um crédito extraordinário, de maneira a zerar os estoques acumulados.

Para a diretora do Sintrajufe/RS Cristina Viana, essa medida é mais do que necessária, tendo em vista que a PEC dos precatórios frustrou os pagamentos das ações judiciais transitadas em julgado, ou seja, o pagamento de valores já incontroversos e que as pessoas tinham expectativa de receber ao final de longa tramitação no Judiciário. Isso vem alimentando um mercado de compra e venda desses valores, o que muitas vezes é visto como a solução para que os autores das ações tenham oportunidade de verem ao menos uma parte pequena de seus créditos satisfeitos. Temos muitos colegas com direito a receber valores significativos, cujo pagamento está suspenso em razão da PEC dos Precatórios do governo Bolsonaro, e que serão beneficiados se a medida proposta pelo ministro Haddad for acolhida pelo STF .

Cristina lembra ainda que, em abril de 2023, o Sintrajufe/RS encaminhou requerimento administrativo ao TRF4 para sequestro dos valores referentes ao pagamento dos precatórios dos processos dos e das sindicalizadas não satisfeitos, sendo esse pedido indeferido pelo presidente do tribunal em razão da legislação vigente. Agora, a notí­cia da intenção do atual governo de pagar esses créditos é muito bem-vinda porque torna efetiva a prestação da Justiça , completa a dirigente.