Nessa segunda-feira, 3, um dia após o primeiro turno eleitoral, voltaram as ameaças de empresários. A empresa de máquinas e implementos agrícolas Stara, que opera no interior do Rio Grande do Sul e cujo dono é um político apoiador de Jair Bolsonaro (PL), divulgou documento ameaçando reduzir sua base orçamentária caso Lula (PT) vença as eleições.
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O documento foi enviado a fornecedores e afirma que diante da atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil após os resultados prévios do pleito eleitoral deflagrado em 02 de outubro de 2022 e, em se mantendo este mesmo resultado no 2º turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30% (trinta por cento), consequentemente o que afetará o nosso poder de comprar e produção, desencadeando uma queda significativa em nossos números .

A Stara tem operações em Santa Rosa e em Não-Me-Toque, cidade da qual seu dono, Gilson Trennepohl, é vice-prefeito, pelo União Brasil, e apoiador de Bolsonaro desde 2018. De acordo com o TSE, Trennepohl fez R$ 1 milhão em doações nesta campanha, sendo R$ 350 mil à candidatura de Bolsonaro e R$ 300 mil para Onyx Lorenzoni (PL), que disputa o governo do estado.
O presidente do Sindimaquinas de Carazinho, que representa os trabalhadores da categoria, Luiz Sérgio Machado avalia que o documento se trata de uma ameaça aos trabalhadores da empresa e de seus fornecedores: O recado é para os fornecedores, mas o objetivo é atingir os trabalhadores , denuncia. O caso já foi enviado ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que deverá realizar apurações sobre a situação.
Casos de assédio eleitoral vêm se repetindo, voto a cabresto é ilegal
Vêm se acumulando nas últimas semanas denúncias de empresários ligados a Bolsonaro que ameaçam os trabalhadores de suas empresas. No final de setembro, na Bahia a empresária Roseli Vitória Martelli D™Agostini Lins, sócia da empresa Imbuia Agropecuária LTDA, que produz soja, divulgou um vídeo nas redes sociais estimulando outros empresários a demitirem trabalhadores e trabalhadoras que forem votar no ex-presidente Lula (PT) nas eleições de outubro. O caso da empresária repercutiu nas redes sociais nas últimas semanas. Em seus perfis, ela publicou o vídeo no qual é clara: Eu queria falar algo para os nossos agricultores: façam um levantamento, quem vai votar no Lula e demitam. Demitam sem dó . E foi além: Nós, agricultores, temos que tomar posição. E não venham me dizer ˜ah, não, tem que [respeitar] o direito™. Não é direito, é questão de sobrevivência .
Poucos dias depois, vídeo gravado na unidade da Imetame Metalmecânica, de Aracruz, Espírito Santo, mostrou o gerente dizendo para os funcionários para não reclamarem no dia que ficarem sem emprego, caso votem no candidato que diz absurdos com relação às famílias e a quem empreende . Assuntos absurdos com relação às famílias, assuntos absurdos com relação a quem empreende, contra quem tem a coragem de fazer o que nós fazemos e que é estar aqui investindo, sempre para gerar emprego. Quando você vê pessoas falando coisas negativas de quem faz realmente esse país ir pra frente, e você ainda tem coragem de votar nessas pessoas, no futuro você não vai poder reclamar. No dia que você não tiver mais emprego, você não vai poder reclamar, porque você escolheu , diz o gerente da unidade no vídeo que vazou.
Assédio eleitoral é crime! Veja orientações das centrais sindicais
Em meio a crescentes denúncias de coação e assédio eleitoral, nove centrais sindicais produziram e estão divulgando um folheto sobre o tema, explicando que a prática é um crime previsto na legislação brasileira e dando informações sobre como e onde os trabalhadores e as trabalhadoras podem denunciar. A orientação principal é que esses casos devem ser levados aos sindicatos que representam o trabalhador ou a trabalhadora, de forma que a entidade possa atuar no combate ao problema.
Veja abaixo ou faça AQUI o download do panfleto.
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