Na última segunda-feira, 7, a empresa Fábrica Nacional de Amortecedores (FNA), de Caxias do Sul, foi autuada pelo Ministério do Trabalho e Emprego por possível locaute, uma greve de empresários, o que é ilegal. A empresa teria fechado as portas em protesto contra a vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais e, ainda, orientado seus trabalhadores e trabalhadoras para que fossem a um ato golpista na cidade.
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O Ministério informou que os funcionários, ao chegarem à empresa, encontraram-na fechada e receberam a orientação de que deveriam ir para a manifestação golpista que ocorria em frente ao 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3GAAAe), onde apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) protestam pedindo golpe militar. A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público do Trabalho (MPT) por assédio moral coletivo e para o Ministério Público (MP), a Polícia Civil e a Polícia Federal para apuração de possíveis crimes contra a organização do trabalho.
Com a autuação, a empresa é multada em valor que será definido após a análsie completa da situação. O Ministério também notificaria o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), com pedido de afastamento da diretoria da entidade patronal de uma das diretoras da FNA, por conta do ocorrido.
Ao jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, o diretor da empresa Jean Labatut apenas respondeu que “é tudo mentira” e que não conversaria com a reportagem. Em suas redes sociais, Labatut compartilha publicações convocando para as manifestações golpistas, o voto impresso e o não reconhecimento da derrota de Bolsonaro nas urnas, além de notícias falsas e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mais de duas mil denúncias de assédio eleitoral
Nos dias que antecederam o segundo turno das eleições deste ano o número de casos de assédio eleitoral praticado por patrões explodiu em relação ao mesmo período de 2018. Em todo o Brasil, foram registradas 2.549 denúncias contra 1.948 empresas, segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em 2018, foram 212 denúncias contra 98 empresas nos dois turnos da eleição.
A atuação do Ministério Público do Trabalho não acaba com o resultado das eleições e novos casos, como o da empresa de Caxias do Sul, também deverão ser objeto de investigação e punição. Assim, além dessas investigações relativas a crimes eleitorais ocorridos durante a campanha, também estão sendo realizadas ações para identificar e punir os responsáveis por crimes eleitorais ocorridos no último período, em especial os bloqueios ilegais de rodovias e os casos de assédio eleitoral.
Empresários bolsonaristas financiam manifestações golpistas
Como o Sintrajufe/RS noticiou nessa quarta-feira, 9, há empresários bolsonaristas por trás do financiamento dos protestos que vêm ocorrendo após o segundo turno. Chefes do Ministério Público de três estadosSanta Catarina, São Paulo e Espírito Santoreuniram-se com o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e apontaram que os protestos são financiados por uma grande organização criminosa formada por empresários. A reunião foi realizada para que fossem informados os avanços nas investigações para identificar os organizadores dos atos ilegais.