SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

EM DEFESA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Em ato em defesa da competência da Justiça do Trabalho, Sintrajufe/RS reafirma necessidade de revogação da reforma trabalhista e reposição de vagas de servidores

A Mobilização Nacional em Defesa da Competência da Justiça do Trabalho ocorreu em mais de 50 cidades em todo o paí­s, conforme a organização, e, em Porto Alegre, lotou o auditório das varas trabalhistas; havia pessoas acompanhando, também, por um telão em frente ao prédio. O Sintrajufe/RS e a Fenajufe participaram da atividade; em sua fala, a diretora Cristina Viana, representando o sindicato, reafirmou a defesa da Justiça do Trabalho, a revogação da reforma trabalhista e a nomeação de concursados para as mais de 300 vagas em aberto no Rio Grande do Sul.

As atividades foram organizadas por diversas entidades ligadas ao Judiciário, com representações da magistratura, da advocacia e dos servidores e das servidoras. No ato público em Porto Alegre, além do Sintrajufe/RS, participaram centrais sindicais, como a CUT e a CTB, e sindicatos, como os de trabalhadores por aplicativos e motoboys. Também estavam presentes representantes do TRT4 e de associações vinculadas à magistratura, à advocacia, a procuradores e procuradoras e peritos e peritas.

Em todas as falas, foi reiterado que o artigo 114 da Constituição Federal expressa, de forma inequí­voca, que a Justiça do Trabalho detém a competência para processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho, independentemente da modalidade dessa relação e que também cabe ao Judiciário Trabalhista estabelecer em quais dessas relações existe ou não ví­nculo de emprego.

Os e as manifestantes mostraram preocupação com relação a interpretações e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que reformam o já julgado e determinado nas instâncias da Justiça do Trabalho. Tais ações da corte superior induzem à precarização do trabalho ao não reconhecer ví­nculos empregatí­cios e reduzir direitos trabalhistas reconhecidos pela legislação.


Sintrajufe/RS defende revogação da reforma trabalhista e nomeações de concursados

A Justiça do Trabalho vem sendo atacada desde sempre, e nós, servidoras e servidores, sempre estivemos na linha de frente desta defesa. E isso se torna mais grave quando agora, o ataque vem de dentro do próprio Poder Judiciário , disse a diretora do Sintrajufe/RS Cristina Viana. A dirigente afirmou que as decisões do STF sobre uberização e outras formas do que chamamos de precarização, como a chamada pejotização , prejudicam as trabalhadoras e os trabalhadores que mais precisam da proteção da Justiça do Trabalho. Ou nós acreditamos na falácia de que são empresários de si mesmos? , questionou.

Cristina sustentou que essas decisões, somadas a projetos de lei, emendas à Constituição e outras propostas, vêm desidratando o Direito do Trabalho . O principal ataque foi a reforma trabalhista, promovida pelo governo Temer e aprovada por um Congresso Nacional contrário aos direitos da maioria da população e que dificultou o acesso à Justiça. Por isso, reiterou, o Sintrajufe/RS defende a competência da Justiça do Trabalho, a existência desse ramo do Judiciário, e acredita que é preciso, também, revogar a reforma, com urgência . A Justiça do Trabalho precisa ter o seu papel de defesa do trabalho digno e seguro, do combate ao trabalho escravo, e não ficar encastelada em si mesma , asseverou a diretora do Sintrajufe/RS.


Ela lembrou aos presentes que a atuação de servidores e servidores é fundamental e que é preciso assegurar melhores condições para o funcionamento da Justiça do Trabalho. Somente no Rio Grande do Sul, temos mais de 300 cargos de servidoras e servidores vagos, que devem ser preenchidos pelo concurso público, que é a porta da frente e a forma democrática para o ingresso no serviço público. O concurso realizado pelo TRT4 está ainda válido, e há centenas de aprovados aguardando a nomeação . Por fim, argumentou Cristina Viana, para que se consiga avançar rumo a uma sociedade melhor e mais justa, precisamos de ampliação da competência da Justiça do Trabalho, não menos .

Competência da Justiça do Trabalho é assegurada pela Constituição

A presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Luciana Conforti, começou sua intervenção afirmando que a mobilização do dia 28 era uma celebração da magistratura trabalhista e da sociedade civil organizada em defesa da Justiça do Trabalho, celebração no sentido de reconhecimento da importância desse ramo da Justiça. A magistrada enumerou os milhões desempregados; os números de trabalhadores resgatados de atividades em condições análogas às da escravidão; os diversos casos de acidentes, mutilações e até mortes decorrentes da atividade laboral, o trabalho infantil para salientar a necessidade da existência da Justiça do Trabalho.

Defendemos a competência da Justiça do Trabalho para qualquer tipo de trabalho , para apreciar e mediar as relações decorrentes das relações de trabalho, assegurou Luciana Conforti. A magistrada pontuou que os ataques não são exclusivamente contra a JT, mas a todo o sistema protetivo, como Ministério Público do Trabalho, fiscalização e sindicatos. Para ela, a centralidade da Justiça do Trabalho é inafastável, mesmo quando há intermediação de tecnologia , pois há sempre o trabalho humano. Indo além, Conforti disse que lutamos contra qualquer tipo de fraude que busque negar essa relação, o que pode acontecer com os denominados microempreendedores, pessoas jurí­dicas (PJ), autônomos. A magistrada finalizou defendendo a preservação, o fortalecimento e, por que não dizer, o aumento da competência da Justiça do Trabalho .


Em sua fala, o desembargador Ricardo Martins Costa, afirmou que a prudência recomenda que o presidente do tribunal seja contido, mas não omisso . O presidente do TRT4 destacou que o trabalho é um direito fundamental que compõe o núcleo da dignidade humana , que a Constituição protege o trabalho e que há um equí­voco nas recentes interpretações do STF do texto constitucional, para um insólito recurso da redução da competência . Para ele, a afronta à Constituição Federal de 1988 significa a intensificação do esgarçamento do tecido social .

Martins Costa avaliou que a mobilização que ocorreu em várias partes do paí­s mostra uma postura de resistência séria, organizada e bastante fundamentada . Conforme o magistrado, poderão advir grandes efeitos sociais do aviltamento da competência da Justiça do Trabalho .

Ato sofre interrupção antes das manifestações das centrais sindicais

Ao longo do ato público, no auditório da varas trabalhistas, foi concedida a palavra às entidades da magistratura, de procuradores e procuradoras, da advocacia e ao Sintrajufe/RS, falando em nome de servidores e servidoras do Judiciário Federal. No entanto, antes da fala das centrais sindicais e outras representações de trabalhadores, o evento foi interrompido, sob a justificativa de que várias pessoas da mesa precisavam se retirar.

As lideranças das centrais, da Fenajufe e de outras entidades só puderam se manifestar em uma estrutura menor, em frente ao prédio. No local, várias pessoas, entre elas trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos, motoboys e bikeboys acompanhavam o ato por um telão.


Em sua intervenção, em nome da Fenajufe, Fabrí­cio Loguércio, diretor da federação e do Sintrajufe/RS, defendeu a competência da Justiça do Trabalho, a nomeação de novos servidores e servidoras e a revogação imediata da reforma trabalhista.


Atividades ocorreram em diversas cidades

A mobilização ocorreu em mais de 50 cidades, conforme a organização. Além de Porto Alegre, a mobilização aconteceu em cidades como Campinas, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasí­lia (DF), Belém (PA), Belo Horizonte, Cataguases, Divinópolis e Juiz de Fora (MG), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis, Itajaí­ (SC), Goiânia (GO), Maceió (AL), Palmas (TO), Recife (PE), Salvador (BA), Teresina (PI) e Vitória (ES).


A Fenajufe participou, nesta quarta-feira (28), do ato nacional em defesa da competência da Justiça do Trabalho; na capital federal, o ato ocorreu no Foro Trabalhista de Brasí­lia e contou com a participação dos coordenadores Fabiano dos Santos, Paulo José da Silva e Fábio Saboia, além de representantes do Sintrajud/SP e Sitraemg/MG.

A Fenajufe esteve presente no ato em Brasí­lia, e ressaltou a importância da Justiça do Trabalho para a sociedade e, em especial, para a classe trabalhadora, não só em defesa da prestação jurisdicional nos termos previstos na Constituição Federal e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas também como instrumento de arrecadação das contribuições previdenciárias, recurso financeiro indispensável para manutenção das aposentadorias e pensões dos trabalhadores , conforme notí­cia no site da federação.

Nos atos públicos de que participaram sindicatos da base da Fenajufe, dirigentes apontaram que a Justiça do Trabalho é fundamental para proteção e preservação de direitos e que a precarização e a desregulamentação da Justiça do Trabalho seguem as lógicas do neoliberalismo, que capitaneia os meios de produção e que, por vezes, atinge o funcionamento da própria instituição.