A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul rejeitou o pedido de cassação do mandato do vereador Sandro Fantinel (sem partido), em sessão realizada nesta terça-feira, 16. Em fevereiro, na tribuna, quando 207 trabalhadores foram resgatados de situação semelhante à de escravidão em Bento Gonçalves, Fantinel disse que os empresários não deveriam mais contratar “aquela gente lá de cima” e que “a única cultura” que os baianos têm “é viver na praia tocando tambor”.
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Foram 13 votos a favor da cassação, 9 contra e uma abstenção. Para derrubar o mandato do vereador seriam necessários, no mínimo, 16 votos. A sessão durou mais de quatro horas.
Votaram contra a perda de mandato de Fantinel os vereadores Maurício Scalco (Novo), Velocino Uez (PTB), Ricardo Daneluz (PDT), Elisandro Fiuza (Republicanos), Adriano Bressan (PTB), Bortola (PP), Olmir Cadore (PSDB) e Clóvis de Oliveira Xuxa (PTB) e a vereadora Gladis Frizzo (MDB).
Entenda o caso
Os trabalhadores, contratados para a colheita de uva das vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, sofriam violências físicas e ameaças, com jornadas de até 15 horas, recebiam comida estragada, não tinham acesso a banho quente e dormiam em lugares insalubres. Em sua manifestação na Câmara, em fevereiro, Fantinel ironizou: “Agora o patrão vai ter que pagar empregada para fazer a limpeza todo dia pros ‘bonito’ também? Temos que botar eles em hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”. Disse também, que os empresários deveriam dar preferência a argentinos, que, segundo ele, seriam “limpos, trabalhadores e corretos”.
Devido à repercussão da manifestação, o vereador foi expulso do seu partido à época, o Patriota, e várias autoridades manifestaram repúdio às falas racistas e xenofóbicas, e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul decidiu indiciar Sandro Fantinel por racismo. No dia 10 de março, o Sintrajufe/RS participou do seminário “Trabalho decente, sim; trabalho escravo, não” (LINK), na Câmara dos Vereadores de Caxias do Sul, com a presença de sindicatos e do Fórum das Centrais Sindicais, representantes do Ministério do Trabalho e Emprego, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT4), do Ministério Público do Trabalho (MPT), advogados e parlamentares.
Com informações de Carta Capital e G1