SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

ESTUDO INÉDITO

Que seja 1% , diz Bolsonaro sobre reajuste a servidores; Relatório exclusivo do Dieese para o Sintrajufe/RS aponta perda de mais de 40% do poder aquisitivo de técnicos e analistas

Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar sobre a possibilidade de oferecer reajuste salarial a servidores e servidoras federais. Porém, mais uma vez, não especificou se de fato pretende garantir reposição salarial, nem como faria isso, nem os valores reais: Bolsonaro falou apenas em possibilidades vagas: 3%, 4%, 5%, 2%, que seja 1%. Essa que é a ideia. Estamos completando no meu governo três anos sem reajuste , admitiu.

O fato é que um reajuste de 1%, ou até mesmo de 5%, porém, não resolve em nada a vida de servidores e servidoras. No caso especí­fico do Judiciário Federal, números obtidos pelo Sintrajufe/RS não deixam dúvidas sobre isso.

Relatório aponta perdas de mais de 40%

Um relatório exclusivo preparado a pedido do Sintrajufe/RS pelo Departamento Intersindical de Estatí­stica e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra a grande perda salarial dos trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário Federal nos últimos anos. Tomando por base o final da incorporação da última reposição conquistada pela categoria, em janeiro de 2019, as perdas já ultrapassam os 40% em alguns produtos essenciais.

As tabelas elaboradas pelo Dieese mostram que, em relação ao arroz, a perda de valor de compra foi de 42%. Um analista judiciário padrão 1, por exemplo, considerando-se o vencimento básico mais a GAJ, compraria, em janeiro de 2019, 4.700 quilos de arrozagora, compraria 2.702 quilos. Para o feijão, a perda é semelhante: 40%. Em 2019, um técnico judiciário compraria, com seu salário, 1.556 quilos de feijão; agora, 921 quilos. Na carne, a perda também é de 40%: um auxiliar judiciário poderia comprar 147 quilos em janeiro de 2019, mas 88 quilos em outubro de 2021. Em relação à gasolina, a perda foi de 34%.

Perda-salarial_Sintrajufe_112021_v2

O estudo também abordou alguns itens selecionados e que são importantes para perceber os efeitos reais da inflação e do congelamento salarial no cotidiano das famí­lias. A energia elétrica, por exemplo, teve aumento de 25,9% entre 2019 e 2021. O gás de cozinha aumentou 48,8% no mesmo perí­odo. Já o aumento da gasolina foi de 52,3%, o de uma refeição em restaurante de 20,7% e a cesta básica aumentou 56,5% nesses dois anos.

A inflação dos produtos que compõem a cesta básica, nesses cerca de dois anos e meio, corroeu fortemente o poder de compra de servidores e servidoras do Judiciário. O óleo de cozinha, por exemplo, teve aumento de 143% no perí­odo; o tomate, 108%; o açúcar, 83%. A alta de preços desses itens contribuiu para a elevação de 56,5% no valor da cesta básica, que passou de R$ 441,65, para R$ 691,08 em 2021. Veja abaixo a tabela completa:

Luta por reposição na pauta

Enquanto isso, o governo de Jair Bolsonaro (PL) utiliza a necessidade de servidores e servidoras de terem suas perdas repostas para fazer chantagem em torno de projetos prejudiciais ao paí­s. Tentando aprovar a PEC dos Precatóriosessa já aprovadae a reforma administrativa (PEC 32/2020), chegou a prometer reajuste para todos, sendo em seguida desmentido até mesmo por aliados. A real intenção do governo, já demonstrada em diversas oportunidades, é arrochar ainda mais os ganhos dos servidores e precarizar suas condições de trabalho. A própria reforma administrativa, além de acabar com concursos e com a estabilidade, permite a redução em 25% dos salários de servidores e servidoras.

A luta por reajuste salarial, por outro lado, já dá os primeiros passos na categoria, ao mesmo tempo em que segue as mobilizações contra a reforma. A Fenajufe, em especial, já vem se movimentando há alguns meses em torno do tema dos salários, assim como o Sintrajufe/RS, que acompanha com atenção o iní­cio das negociações. Em julho, a federação pediu um reajuste emergencial de 14,74%, em reunião do Fórum de Carreira do Conselho Nacional de Justiça, frente à inflação galopante. A federação propôs que, aprovado esse reajuste emergencial, em 2022, haja uma discussão mais profunda sobre uma reestruturação que busque repor possí­veis perdas passadas para alcançar a equiparação salarial com carreiras similares do Executivo e do Legislativo, visando a implementação em 2023.