SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

ILHA DE CALOR

Privatizado e transformado num grande estacionamento, Parque Harmonia registrou 61º na última semana enquanto entorno, arborizado, registrava 31º

Em 2023, dois anos após a privatização do Parque Harmonia pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), o Sintrajufe/RS juntava-se ao coro que denunciava a devastação do local pela empresa concessionária. A retirada das árvores, substituídas por concreto, cobrou, na última semana, um de seus preços: enquanto o entorno, com grama e arborizado, registrava 31º, a área concretada do Parque chegava a 61º. Um exemplo dos efeitos da privatização da cidade em meio à crise climática.

A medição foi feita pelo Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá) e ganhou repercussão após publicação do professor do Departamento de Botânica da UFRGS Paulo Brack, coordenador do InGá. Brack explica que o novo piso do Parque Harmonia forma uma ilha térmica no local: “Essas ilhas estão trazendo danos à saúde devido a temperaturas extremas nos corpos das pessoas, podendo acarretar em processos de desidratação, colapso e morte”, disse o pesquisador em entrevista ao site Sul 21.

Criado em 1980 em meio à ascensão do movimento ambientalista no Rio Grande do Sul, o Parque Harmonia (cujo nome oficial é Mauricio Sirotsky Sobrinho), foi repassado ao setor privado em 2021, por Sebastião Melo, não sem protestos. As mobilizações cresceram em 2023, quando a empresa GAM3, nova concessionária do espaço pelos próximos 35 anos, começou a derrubada de centenas de árvores, sem estudo de impacto ambiental nem licenciamento. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) autorizou o corte de um terço delas para que, no local, seja construído um “parque temático”, com um verdadeiro shopping a céu aberto.

No dia 16 de julho, o Sintrajufe/RS esteve presente em um protesto convocado por entidades ambientalistas em defesa do Parque Harmonia. No ato, nas proximidades do TRF4, os e as manifestantes denunciaram que o prefeito Sebastião Melo só tem compromisso com interesses privados, não com a preservação das áreas verdes e dos espaços públicos da cidade, que vêm sendo entregues à iniciativa privada. Conforme ONGs de defesa do meio ambiente, as obras não só descaracterizaram o parque como também ameaçam espécies de animais, como aves.

Com informações do Sul 21 e do Brasil de Fato