O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou nesta sexta-feira, 19, um estudo especial vinculado ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. O estudo aponta a desiguldade entre negros e não negros no mercado de trabalho, com destaque para as maiores dificuldades vivenciadas pelas mulheres negras, em um cenário que reforça a necessidade de combater o racismo que permeia a sociedade brasileira.
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A desigualdade racial que já havia antes foi aprofundada durante a pandemia, aponta o estudo. Entre o 1º e o 2º trimestre de 2020, por exemplo, 8,9 milhões de homens e mulheres saíram da força de trabalhoperderam empregos ou deixaram de procurar colocação por acreditarem não ser possível conseguir vaga no mercado de trabalho. Desse total, 6,4 milhões eram negros ou negras e 2,5 milhões, trabalhadores e trabalhadoras não negros. Esses dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme o estudo do Dieese, a variação no número de trabalhadores com ocupação foi negativa para todos os grupos, mas pior ainda para as mulheres negras (-8%) e para os homens negros (-6%). Entre mulheres não negras, o percentual ficou em -3%, e, para homens não negros, em -2%. Os números se referem ao período entre o 1º trimestre de 2020 e o 2º trimestre de 2021.
Para os que conseguem emprego, o cenário também é difícil e atravessado pela questão racial: de acordo com a pesquisa, 46% das mulheres negras e 48% dos homens negros estão em trabalho desprotegido sem carteira assinada, autônomos que não contribuem com a Previdência Social e trabalhadores familiares auxiliares. Para as mulheres não negras, esse percentual é de 34%, e, para os homens não negros, 35%. O rendimento médio carrega o mesmo problema: enquanto as mulheres negras recebem em média R$ 1.617 e os homens negros, R$ 1.968, as mulheres não negras recebem R$ 2.674 e os homens não negros, R$ 3.471. Esse dado também reflete a dificuldade para os negros em acessar cargos de chefia: apenas 1,9% das mulheres negras estão nessas posições, que são ocupadas por 2,2% dos homens negros; para os não negros, a situação é diferente: 5% das mulheres e 6,4% dos homens ocupam cargos de chefia.
A taxa de subutilização da força de trabalho também é bem maior entre os negros. Esse dado inclui as taxas de desocupação, de subocupação por insuficiência de horas e da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. Entre as mulheres negras, a taxa é de 40,9%; entre os homens negros, 26,9%; entre as mulheres não negras, 27,7%; e, entre os homens não negros, 18,5%.