Neste sábado, dia 22 de março, o mundo celebra o Dia Mundial da Água, uma data que, desde 1992, nos convida a refletir sobre a gestão dos recursos hídricos e os desafios para garantir o acesso à água potável e saneamento para todos e todas. Este ano, a luta pela preservação dos recursos hídricos se intensifica no Brasil, onde a privatização da água e a contaminação das fontes de abastecimento, especialmente pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, são questões urgentes que impactam diretamente a saúde da população e o meio ambiente.
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Privatização do saneamento: uma ameaça à água pública
A privatização dos serviços de água e esgoto é uma realidade em algumas capitais do país, sendo uma ameaça à saúde, em especial, em Porto Alegre. No dia 3 de março, o Projeto de Lei 03/2025, que modifica a estrutura do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), foi aprovado na Câmara Municipal. A proposta altera a gestão do DMAE, transformando o Conselho Deliberativo em um órgão consultivo e criando novas diretorias, o que gerou críticas da oposição, que vê na mudança o primeiro passo para a privatização da autarquia.
A privatização da água e esgoto não é uma solução para os problemas de gestão e acesso. Pelo contrário, estudos mostram que a entrega desses serviços à iniciativa privada resulta em aumento de tarifas e deterioração da qualidade do serviço prestado. Países que seguiram esse caminho já experimentaram a reestatização desses serviços, reconhecendo que a água deve ser tratada como um bem público e não como mercadoria.
O impacto dos agrotóxicos na água e na saúde
Outro fator crucial que afeta a qualidade da água é a contaminação por agrotóxicos. O Brasil, maior consumidor mundial de pesticidas, tem visto a poluição das águas por substâncias químicas utilizadas na agricultura. Um estudo alarmante revelou que em um copo de água potável no Brasil podem estar presentes até 27 tipos diferentes de agrotóxicos, um risco que compromete a saúde da população.
A médica Virgínia Dapper, assessora de saúde do Sintrajufe/RS, publicou um artigo onde destaca que o consumo contínuo de água contaminada por agrotóxicos pode representar sérios riscos à saúde, incluindo câncer, distúrbios hormonais e doenças neurológicas. Ela explica que substâncias como trihalometanos e nitratos, comuns na água potável, têm sido associadas a problemas de saúde crônicos. “A exposição prolongada aos agrotóxicos e outros contaminantes presentes na água aumenta o risco de doenças graves, prejudicando a saúde da população de forma silenciosa”, alerta Dapper.
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O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), tem monitorado a qualidade da água em diferentes regiões. No entanto, muitos contaminantes não podem ser removidos pelos processos convencionais de tratamento, o que torna ainda mais urgente a adoção de práticas agrícolas sustentáveis. A agroecologia surge como uma alternativa para combater a contaminação dos recursos hídricos, promovendo práticas agrícolas que respeitem o meio ambiente e a saúde humana.
A luta pelo direito à água
A preservação das fontes de água e a garantia de acesso à água potável para todos e todas são questões de justiça social e ambiental. No contexto da crise hídrica e da pressão por privatizações, é fundamental que os trabalhadores e a sociedade civil se mobilizem em defesa da água pública. O Dia Mundial da Água não é apenas uma data comemorativa, mas uma oportunidade para reforçar a luta contra a mercantilização da água e exigir que ela seja tratada como um direito humano, um bem comum e essencial para a vida.
A luta contra a privatização dos serviços de água e esgoto e a denúncia da contaminação das fontes de abastecimento por agrotóxicos devem ser prioridades para todos(as) nós. A água, nosso maior tesouro, precisa ser protegida e preservada para as gerações futuras, e todos(as) temos a responsabilidade de agir para garantir um futuro sustentável e saudável para todos e todas.
Projeto de Agroecologia do Sintrajufe/RS
Em setembro de 2021, o Sintrajufe/RS lançou o Projeto de Agroecologia, que tem, entre seus objetivos, possibilitar que o conjunto da categoria tenha acesso a informações, debates e espaços que contribuam para fortalecer uma visão crítica que se preocupe com questões relacionadas a alimentos e a modelos de produção e de sociedade. O sindicato firmou convênios com cooperativas para oferecer descontos aos sindicalizados e às sindicalizadas nas compras de alimentos orgânicos e de produtores e produtoras vinculados à agroecologia.
Com informações de Brasil de Fato RS e Sindiágua/RS