Enquanto os trabalhadores e as trabalhadoras pagam a conta da crise econômica e sanitária com vidas, empregos e direitos, há quem lucre com o duro momento do país. Os lucros trimestrais dos bancos privados tiveram importante crescimento no último período, graças a cortes de custos e a ajudas governamentais.
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Nesta semana, foram divulgados os balanços do primeiro trimestre dos bancos Itaú, Santander e Bradesco. O Santander obteve lucro líquido de R$ 4,012 bilhões, uma alta de 4,1% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 1,4% em relação ao 4º trimestre de 2020. Foi o maior lucro trimestral do banco desde 2010. O Itaú Unibanco teve um salto ainda mais expressivo. O lucro líquido foi de R$ 6,398 bilhões, uma alta de 63,5% em relação ao mesmo período de 2020 e um crescimento de 18,7% no trimestre. O Bradesco também teve aumento significativo no balanço divulgado esta semana. O lucro líquido saltou 4,2% no trimestre e chegou a R$ 6,5 bilhões, uma alta de 73,6% sobre o 1º trimestre de 2020.
O site do jornal Brasil de Fato entrevistou, sobre isso, a economista Vivian Machado, mestre em Economia Política e técnica do Dieese. Para ela, entre os motivos para o crescimento dos lucros está o “corte de custos”, incluindo milhares de demissões. Conforme o site, Santander e Bradesco, por exemplo, fecharam 10.933 postos de trabalho entre março de 2020 e março de 2021. Também foram fechadas 1.343 agências dos bancos privados, prejudicando o atendimento o atendimento ao público. Para Vivian Machado, “não é justo socialmente, enquanto concessões públicas, eles estarem cada vez mais demitindo, fechando postos de trabalho, especialmente em um momento delicado como esse. Os bancos alegam que estão digitalizando tudo porque é interesse do cliente, mas tem muita gente que precisa da agência. Se não tivesse essa procura, as lotéricas e a Caixa Econômica não estariam sempre cheias”. Os trabalhadores que permanecem nesses bancos também são afetados: “Eles economizaram R$ 750 milhões em três ou quatro itens das despesas administrativas do ano passado só por conta do home office. Enquanto isso, os trabalhadores têm mais despesa com energia, com alimentação”, completa a economista.
A reportagem lembra, ao mesmo tempo, que menos de uma semana após a Organização Mundial da Saúde (OMS) definir como pandemia o avanço da Covid-19, o governo brasileiro liberou R$ 3,2 trilhões para os bancos renegociarem prazos para os créditos já concedidos.
O tratamento para o povo é outro
Enquanto os bancos foram os primeiros a serem socorridos na pandemia e multiplicam seus lucros, a situação dos trabalhadores e das trabalhadoras só piora. O desemprego sobe mês a mês e já atinge quase 15 milhões de brasileiros e brasileiras, além dos subempregados e do grande número de pessoas que desistiu de procurar trabalho em meio à pandemia. Para os que seguem empregados, os direitos vão sendo roubados, com a autorização para as empresas reduzirem salários, a precarização dos serviços públicos via medidas como a “PEC Emergencial” e a reforma administrativa (essa ainda em tramitação) e o abandono à própria sorte frente à crise sanitária.
O auxílio emergencial, única ação governamental criada para ajudar a população mais pobre neste cenário, foi reduzido em valores e beneficiários neste ano, justamente no momento em que os lucros dos bancos mais avançam. No Brasil de Bolsonaro e Guedes, sobram recursos para abastecer os bancos e faltam para garantir a vida da população.