SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

RECEITA DO LUCRO

Bancos reduzem direitos, demitem e recebem ajuda do governo; resultado é crescimento do lucro em meio à crise

Enquanto os trabalhadores e as trabalhadoras pagam a conta da crise econômica e sanitária com vidas, empregos e direitos, há quem lucre com o duro momento do paí­s. Os lucros trimestrais dos bancos privados tiveram importante crescimento no último perí­odo, graças a cortes de custos e a ajudas governamentais.

Nesta semana, foram divulgados os balanços do primeiro trimestre dos bancos Itaú, Santander e Bradesco. O Santander obteve lucro lí­quido de R$ 4,012 bilhões, uma alta de 4,1% em relação ao mesmo perí­odo do ano anterior e de 1,4% em relação ao 4º trimestre de 2020. Foi o maior lucro trimestral do banco desde 2010. O Itaú Unibanco teve um salto ainda mais expressivo. O lucro lí­quido foi de R$ 6,398 bilhões, uma alta de 63,5% em relação ao mesmo perí­odo de 2020 e um crescimento de 18,7% no trimestre. O Bradesco também teve aumento significativo no balanço divulgado esta semana. O lucro lí­quido saltou 4,2% no trimestre e chegou a R$ 6,5 bilhões, uma alta de 73,6% sobre o 1º trimestre de 2020.

O site do jornal Brasil de Fato entrevistou, sobre isso, a economista Vivian Machado, mestre em Economia Polí­tica e técnica do Dieese. Para ela, entre os motivos para o crescimento dos lucros está o corte de custos , incluindo milhares de demissões. Conforme o site, Santander e Bradesco, por exemplo, fecharam 10.933 postos de trabalho entre março de 2020 e março de 2021. Também foram fechadas 1.343 agências dos bancos privados, prejudicando o atendimento o atendimento ao público. Para Vivian Machado, não é justo socialmente, enquanto concessões públicas, eles estarem cada vez mais demitindo, fechando postos de trabalho, especialmente em um momento delicado como esse. Os bancos alegam que estão digitalizando tudo porque é interesse do cliente, mas tem muita gente que precisa da agência. Se não tivesse essa procura, as lotéricas e a Caixa Econômica não estariam sempre cheias . Os trabalhadores que permanecem nesses bancos também são afetados: Eles economizaram R$ 750 milhões em três ou quatro itens das despesas administrativas do ano passado só por conta do home office. Enquanto isso, os trabalhadores têm mais despesa com energia, com alimentação , completa a economista.

A reportagem lembra, ao mesmo tempo, que menos de uma semana após a Organização Mundial da Saúde (OMS) definir como pandemia o avanço da Covid-19, o governo brasileiro liberou R$ 3,2 trilhões para os bancos renegociarem prazos para os créditos já concedidos.

O tratamento para o povo é outro

Enquanto os bancos foram os primeiros a serem socorridos na pandemia e multiplicam seus lucros, a situação dos trabalhadores e das trabalhadoras só piora. O desemprego sobe mês a mês e já atinge quase 15 milhões de brasileiros e brasileiras, além dos subempregados e do grande número de pessoas que desistiu de procurar trabalho em meio à pandemia. Para os que seguem empregados, os direitos vão sendo roubados, com a autorização para as empresas reduzirem salários, a precarização dos serviços públicos via medidas como a PEC Emergencial e a reforma administrativa (essa ainda em tramitação) e o abandono à própria sorte frente à crise sanitária.

O auxí­lio emergencial, única ação governamental criada para ajudar a população mais pobre neste cenário, foi reduzido em valores e beneficiários neste ano, justamente no momento em que os lucros dos bancos mais avançam. No Brasil de Bolsonaro e Guedes, sobram recursos para abastecer os bancos e faltam para garantir a vida da população.