SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

MOBILIZAÇÃO

Grito dos Excluí­dos volta às ruas de Porto Alegre nos 200 anos da Independência

Mais de 3 mil pessoas saí­ram às ruas de Porto Alegre na manhã dessa quarta-feira, 7 de setembro, no 28º Grito dos Excluí­dos e das Excluí­das. Movimentos populares, pastorais sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda celebraram a vida e a democracia, protestaram contra as ameaças de golpe e reivindicaram comida, terra, teto e trabalho para o povo brasileiro.

A mobilização foi realizada no bairro Partenon, na zona leste da capital gaúcha. Nas faixas e cartazes, os participantes defenderam vida em primeiro lugar e questionaram: 200 anos de (in)dependência, para quem? . Por volta das 9h, começou a concentração na rua Vidal de Negreiros, em frente à igreja São José do Murialdo. Nós, do Santuário de São José do Murialdo, abrimos as nossas portas e o coração para acolher esse movimento nacional do Grito dos Excluí­dos, daqueles que não têm quem os defenda de verdade porque ainda falta compromisso e responsabilidade com os sofredores , afirmou o padre José Bispo. Nós queremos pedir que todas as famí­lias tenham condições de vida com dignidade , completou. Antes do iní­cio da caminhada, houve uma apresentação cultural de um grupo de indí­genas. O vice-cacique Moisés da Silva, da aldeia kaingang Fág Nhin, da Lomba do Pinheiro, foi um dos presentes. Estamos aqui na luta. A fome bateu para todos, mas unidos vamos conseguir vencer , disse.


A marcha passou pela rua Primeiro de Setembro e pela Avenida Bento Gonçalves, seguindo até a Praça Francisco Alves. Teve seis paradas e cada uma delas abordou uma temática.

Na concentração, o tema foi a democracia. Ao passar em frente à Unidade de Saúde Santo Alfredo, os manifestantes defenderam o Sistema único de Saúde (SUS), o direito à saúde e o pagamento do piso nacional da enfermagem. Ao parar nas imediações do Carrefour, houve gritos antirracistas contra a violência e o preconceito que matam sobretudo a população negra. Foi lembrado o homem negro João Alberto Freitas, que foi espancado até a morte por seguranças no estacionamento de um dos supermercados da rede na capital gaúcha, em novembro de 2020. Em seguida, diante do Departamento Municipal de água e Esgotos (Dmae), foi defendido o direito à água com protestos contra o processo em andamento de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e em defesa do Dmae. Também foi destacada a recorrente falta de água nas comunidades da região. A nossa luta é todo dia, água não é mercadoria , gritaram os manifestantes. Houve ainda gritos em defesa da educação nas proximidades da Pontifí­cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). No encerramento, na Praça Francisco Alves, ao lado da igreja São Judas Tadeu, foi erguido o grito pelo direito ao trabalho com empregos decentes e renda, contra a precarização, para garantir o sustento das famí­lias com dignidade.

Ao final, em torno do meio-dia, foi realizado um ato inter-religioso em forma de jogral com manifestações de várias igrejas e crenças. Além disso, a cozinha comunitária do Morro da Cruz entregou marmitas para o almoço, enquanto o MST distribuiu um quilo de arroz orgânico para cada participante levar para casa.

A ex-diretora do Sintrajufe/RS e colega aposentada Mara Weber, que é secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/RS, destacou a luta das mulheres e apontou a necessidade de combater a fome com ações concretas: O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e tem na sua origem a construção de uma outra sociedade. É isso que nós estamos celebrando aqui. Uma sociedade onde não haja exclusão, opressão, onde a gente possa viver em paz, onde as mulheres possam viver num mundo sem violência, sem racismo e sem lgbtfobia , disse. Mara ainda defendeu que comer é um direito fundamental da humanidade. Estamos combatendo a fome, o desemprego e lutando por uma democracia que garanta a inclusão de todos, todas e todes .

Editado por Sintrajufe/RS; fonte: CUT/RS.