O painel “Organização sindical” foi o terceiro realizado neste sábado, 1º de julho, dentro da programação do 10º Congresso do Sintrajufe/RS. Para falar sobre o assunto, os painelistas foram Antônio Augusto Medeiros, diretor da CTB/RS e presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Rio Grande do Sul (Sintergs), e Everton Gimenis, vice-presidente da Central CUT/RS e diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (Sindbancários).
Notícias Relacionadas
Os trabalhos foram conduzidos pelas diretoras Carla Nunes Santos e Cristina Viana e pelo diretor Paulo Guadagnin.



Ampliação das mobilizações e da formação
Antônio Augusto Medeiros defendeu que é “extremamente importante debater a nossa condição como classe trabalhadora, principalmente no serviço público”. Ele entende que o momento é acirramento da crise do capitalismo e que, “nas crises, o capital usa suas garras para aumentar a superexploração do trabalho” e, em contrapartida, aumentaram as resistências, com greves e mobilizações.
O dirigente fez um breve histórico, desde de 2016. Referiu que, após o golpe que depôs Dilma Rousseff (PT), a classe trabalhadora no Brasil sofreu diversos ataques, como reformas trabalhista e previdenciária, autonomia do Banco Central e alta de juros, tentativa de imposição de uma reforma administrativa (PEC 32/2020) e de desestruturar a capacidade financeira dos sindicatos. A forma trabalhista, do governo Temer, impôs a supressão direta de direitos, a negociação coletiva acima dos direitos trabalhistas e, “a mais cruel”, na opinião de Medeiros, que foi o ataque a instituições que garantem direitos: os sindicatos e a Justiça do Trabalho.

Com a derrota de Bolsonaro (PL), afirmou Medeiros, abriu-se “uma nova perspectiva de esperança” e é preciso que os sindicatos contribuam, de forma efetiva, para “esmagar, definitivamente, as forças de extrema direita”, seja o fascismo na política, o conservadorismo nos valores ou o ultraliberalismo na economia. “Precisamos trazer o trabalho para o centro do debate, com o revigoramento do movimento sindical”, disse Medeiros, pontuando que são muitos os desafios: discutir o financiamento do movimento sindical (que caiu de 2,4 bilhões antes da reforma trabalhistas para 270 milhões arrecadação) e a ofensiva do capital, ampliar as mobilizações e investir na formação classista sindical, trazendo para dentro das entidades as jovens e os jovens trabalhadores.
Trabalhadores e trabalhadores precisam lutar juntos
Everton Gimenis começou sua participação falando sobre a história da organização sindical no Brasil, desde o início do século XX, com comunistas e anarquistas, até a formalização dos sindicatos, em um primeiro momento tutelados pelo governo de Getúlio Vargas. Com o golpe civil-militar de 1964, mais de mil sindicalistas foram perseguidos, presos, torturados, assassinados e banidos. Foi no contexto da ditadura que surgiu o novo sindicalismo, no final da década de 1970, que surgiu o chamado “novo sindicalismo”, com greves históricas dos metalúrgicos do ABC paulista e que se espalharam por outras categorias em todo o país.
Foi nesse contexto, no início dos anos 1980, que surgiu a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que se tornou a maior da América Latina e uma das maiores de mundo. Gimenis ressaltou que os sindicatos de base, as federações e as confederações unificam as categorias, em níveis locais, estaduais e federal, mas que é importante “ter centrais que aglutinem, unifiquem essas lutas todas”.

O dirigente destacou algumas das lutas das quais a CUT participou: fim da ditadura, eleições diretas, impeachment de Fernando Collor de Mello, contra as privatizações propostas no governo Fernando Henrique Cardoso. Mais recentemente, a Central se colocou contra o golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT), atuou em defesa da Justiça do Trabalho. No governo Bolsonaro, mobilizou-se contra privatizações, contra a reforma da Previdência e os ataques diretos à democracia e aos servidores e às servidoras. Gimenis defendeu que “nós, trabalhadores, temos que sonhar juntos, dentro de uma central, continuar lutando, conquistando, transformando o Brasil em um país mais justo”.
Nas intervenções, colegas falam sobre a importância da luta coletiva
Finalizadas as falas dos painelistas, colegas inscreveram-se para falar sobre organização sindical. Destacaram a tradição de lutas do Sintrajufe/RS e, em sua maioria, defenderam a filiação do sindicato a uma central sindical e houve quem afirmasse que é necessário mais tempo para desenvolver essa discussão. No entendimento de vários colegas, a filiação a uma central reforça e amplia a luta coletiva, integrando o sindicato nas mobilizações coletivas das demais categorias e contribuindo para a formação e a conscientização da categoria.
Os painéis deste 10º Congresso Estadual do Sintrajufe/RS se encerram com o debate sobre políticas permanentes, saúde e condições de trabalho. Logo após, ocorrerá a plenária deliberativa. A cobertura completa estará disponível nos meios de comunicação do Sintrajufe/RS.








