SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESTAQUE

Governo prepara Super-PEC para atacar os serviços públicos, reduzir salários, retirar direitos trabalhistas e ampliar isenções para empresários

A intenção do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de aproveitar-se da pandemia para passar a boiada , expressa em reunião ministerial por Ricardo Salles, do Ministério do Meio Ambiente, deve ganhar uma cara concreta nos próximos dias. O governo prepara um texto que deverá unificar uma série de ataques à população brasileira, incluindo a redução do salário dos servidores em até 25%, ao mesmo tempo em que os empresários serão beneficiados com isenções.

O texto unificado deverá ser apresentado na forma de substitutivo à proposta de emenda à Constituição 188/2020 (a do Pacto Federativo), por meio do senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC 186. Será a Super-PEC , um grande pacote de destruição de direitos e de desvio de recursos públicos para os empresários e os especuladores. Por ser apresentada como substitutivo à PEC 186 e não como uma nova proposta, a Super-PEC não precisaria, no cálculo do governo, passar por comissões, sendo votada diretamente no plenário do Senado antes de seguir para a Câmara dos Deputados. Conforme matéria do jornal Gazeta do Povo, o plano é que a votação ocorra ainda em setembro.

Confisco salarial e desmonte dos serviços públicos

Um dos itens que já constava na PEC 186 e será mantido no novo texto é a redução dos salários e jornadas dos servidores e das servidoras do setor público em 25%. Um novo confisco, que se soma à não correção da tabela do Imposto de Renda, ao aumento da alí­quota previdenciária e ao congelamento salarial imposto a todo o funcionalismo pelo PLP 39/2020 (agora Lei Complementar 173/2020). A população brasileira, assim, vai perdendo direitos e acesso a recursos públicos, que são crescentemente desaguados nos bolsos dos grandes empresários e dos especuladores.

Isenção para empresários

Outro item que deve constar no pacote de maldades é o aumento das chamadas desonerações das folhas de pagamento , que estava previsto para ser incluí­do em uma próxima etapa da reforma tributária. Trata-se de um eufemismo para nomear as medidas que isentam os empresários de pagar impostos, permitindo a ampliação dos lucros às custas dos recursos públicos. O Estado passa a arrecadar menos e, assim, dispor de menos dinheiro para, por exemplo, pagar os salários de professores e de trabalhadores da saúde, o que, por sua vez, gera menores salários, confiscos e, na ponta final, queda na qualidade dos serviços oferecidos à população. O ciclo, assim, é completo, da não arrecadação de recursos entre os mais ricos até a não garantia de direitos aos trabalhadores, passando pela desvalorização dos servidores e o desmonte dos serviços públicos.

Mais ataque a direitos trabalhistas

A Super-PEC também deverá incluir a unificação de programas de auxí­lio, como o Bolsa Famí­lia, no Renda Brasil. Para formar os recursos do Renda Brasil, serão reduzidos ou extintos direitos como o abono salarial, o seguro-defeso e o salário famí­lia. Ainda não há detalhamento sobre a nova dinâmica, mas, pelas informações que vêm sendo ventiladas, a perda dos direitos hoje garantidos irá servir para o governo assumir a paternidade por um novo programa que pode lhe render benefí­cios eleitorais.

Dia Nacional de Luta

Recentemente, em seminário promovido pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), representantes de diversas entidades sindicais aprovaram a realização, em setembro, de um Dia Nacional de Lutas, unificando servidores e servidoras em defesa dos serviços públicos. A Fenajue também já aprovou adesão à mobilização, que está prevista para a segunda quinzena de setembro.