SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

CARTEIRA DE TRABALHO

69,6% dos que trabalham por conta própria sonham com carteira assinada

Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), no iní­cio de dezembro, mostrou que 69,6% das pessoas que trabalham por conta própria gostariam de ter algum ví­nculo formal com uma empresa. A pesquisa revelou ainda que quase um terço dos que possuem empregos formais estão insatisfeitos com o trabalho, principalmente devido à baixa remuneração. Os dados são da Sondagem do Mercado de Trabalho, que visa aprofundar o conhecimento sobre a área mediante informações não encontradas nas estatí­sticas existentes.

Para a maioria dos entrevistados e das entrevistadas (33,1%), o desejo de se vincular a uma empresa se deve, principalmente, à segurança de uma remuneração fixa; para 31,4%, seria o acesso a benefí­cios.

Trabalhar para si mesmo tem uma certa instabilidade, não tem tanta previsibilidade do rendimento. Quando se trabalha em uma empresa, há certa garantia de quanto se vai receber a cada mês , observou Rodolpho Tobler, economista e pesquisador do FGV Ibre. Ele acrescentou que quem trabalha de maneira informal tem uma falta de previsibilidade, uma insegurança em relação à renda, e também não tem muitos benefí­cios .

O estudo mostra também que aumentou o número de pessoas que trabalham por conta própria. Segundo os dados da Pnad do IBGE, hoje no Brasil há 100 milhões de trabalhadores ocupados e quase 25 milhões estão por conta própria. Ou seja, 25% estão nesta categoria e gostariam de trabalhar numa empresa , acrescentou Tobler.

O pesquisador assinalou ainda que a pandemia mostrou a instabilidade que a informalidade traz a trabalhadores e trabalhadoras. Os informais, no momento da crise, ficaram limitados na circulação, sem rendimento, não tinha um Fundo de Garantia, não tinham nenhum tipo de auxí­lio ou benefí­cios que pudessem ajudá-los a se sustentar nesse perí­odo , afirmou. Ele destaca que esses fatores contribuem muito para que as pessoas que estão por conta própria queiram deixar esse tipo de ocupação e trabalhar numa empresa .

Entre os que preferem se manter na informalidade (30,4% dos entrevistados e entrevistadas), as principais razões apontadas foram a flexibilidade de horários (14,3%) e rendimentos maiores que um salário fixo (11,9%).

Insatisfação com os salários

Os dados mostram ainda que 27,8% dos trabalhadores e das trabalhadoras com carteira assinada afirma estar insatisfeitos com o emprego. Os principais motivos de insatisfação foram remuneração baixa (64,2%), pouco ou nenhum benefí­cio (43,0%) e insegurança por ser um trabalho temporário (23,7%).

Segundo Tobler, fica evidente que a satisfação no trabalho está ligada à renda. Se olharmos para os dados do IBGE, nas últimas divulgações, há uma melhoria, até mais acentuada do que era esperado. A taxa de desemprego caiu mais esse ano do que era esperado no iní­cio de 2022 , observou. A população ocupada bateu recorde em quase 100 milhões de pessoas, mas a renda é a única coisa que não consegue voltar ao patamar de antes da pandemia, ou seja, a população ocupada ainda tem um salário muito baixo.

Fonte: Correio Braziliense