SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Tribunal do Rio Grande do Sul abre 100 vagas para residência jurí­dica ; modalidade precariza trabalho no Judiciário

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) acaba de abrir inscrições para o seu Programa de Residência Jurí­dica. Serão 100 vagas na primeira turma, que servirá como projeto-piloto do programa. A prática, que substitui servidoras e servidores concursados e gera precarização do trabalho, vem sendo implementada em diversos tribunais no Brasil e reiteradamente denunciada pelo Sintrajufe/RS, pela Fenajufe e por outros sindicatos, tendo sido inclusive suspensa no âmbito da Justiça do Trabalho.

O Sintrajufe/RS vem alertando, desde 2022, que a residência jurí­dica, na prática, serve para substituir servidores públicos concursados por trabalhadores precarizados com salários menores, sem estabilidade e mais suscetí­veis a pressões e assédio. Em alguns tribunais que já implementaram programas de residência, a bolsa de auxí­lio equivale a 1/6 de um salário de um analista.

Sindicato estadual denuncia precarização e privatização

O secretário geral do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (Sindjus/RS) Fabiano Zalazar afirma que a entidade vê com muita preocupação projetos como esse que se inserem no contexto da precarização do trabalho. Lutamos muito para termos mais concursos, servidores com carreiras definidas em lei, estabilidade e direitos ampliados, o que protege a sociedade. A residência vai de encontro a isso, pois na prática equivale a uma privatização do serviço público, reduzindo cargos que poderiam ser ocupados por concursados , completa.

O que é residência jurí­dica?

O Programa de Residência Jurí­dica foi autorizado pela resolução 439/2022, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), voltado para pessoas que estejam cursando especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado ou, ainda, que tenham concluí­do o curso de graduação há no máximo 5 (cinco) anos . O salário é chamado de bolsa de auxí­lio e terá valor estipulado pelos respectivos órgãos. Trata-se de uma espécie de substituição de mão de obra, extremamente mais barata, inclusive com outra forma de ingresso.

A resolução descreve, genericamente, que residência jurí­dica consiste no treinamento em serviço, abrangendo ensino, pesquisa e extensão, bem como o auxí­lio prático aos magistrados e servidores do Poder Judiciário . É uma flagrante precarização do trabalho.

Em junho de 2023, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) manteve decisão do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) que suspendeu a aplicação de residência jurí­dica na Justiça do Trabalho em todo o Brasil (resolução 353/2022).

O programa já foi aprovado em vários tribunais no paí­s. Exemplos são o TRF2 (Rio de Janeiro e Espí­rito Santo), os TREs de Minas Gerais, Amazonas e Tocantins e os tribunais de Justiça do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, Paraná, Tocantins, Amazonas e Paraí­ba.

FOTO: CNJ