O mercado de trabalho brasileiro continua deixando em situações piores os trabalhadores negros e as trabalhadoras negras. É o que revela levantamento divulgado na última sexta-feira, 17, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A divulgação acontece no contexto do Dia da Consciência Negra, que acontece nesta segunda-feira, 20.
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O estudo apresenta uma radiografia importante da situação de negros e negras no mercado de trabalho no Brasil. Mostra, em seus dados, que a população negra está em cargos piores, recebe salários menores e é ocupa mais postos de trabalho precários, além de encontrar mais dificuldade em conseguir emprego.
Veja abaixo alguns destaques do estudo, com dados referentes ao terceiro trimestre de 2023:
- Embora representem 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros ocupavam apenas 33,7% dos cargos de direção e gerência. Ou seja, um em cada 48 trabalhadores negros ocupa função de gerência, enquanto entre os homens não negros a proporção é de um para 18 trabalhadores;
- entre os desocupados, 65,1% eram negros. A taxa de desocupação das mulheres negras é de 11,7% – mesmo percentual de um dos piores momentos enfrentados pelas pessoas não negras, no caso, a pandemia. A taxa de desocupação dos não negros está em 6,3% no 2º trimestre de 2023;
- quase metade (46%) dos negros estava em trabalhos desprotegidos. Entre os não negros, essa proporção é de 34%. Uma em cada seis (16%) mulheres negras ocupadas trabalha como empregada doméstica;
- os negros ganhavam 39,2% a menos do que os não negros, em média. Em todas as posições na ocupação, o rendimento médio dos negros é menor do que a média da população.
Conforme o Dieese, mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo as desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentaram mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos de trabalho formais com melhores salários. E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens, por vivenciarem a discriminação por raça e gênero .
O Departamento elogia, em seu relatório, ações recentes do governo Lula (PT), como a criação do Ministério da Igualdade Racial e a atualização do Estatuto da Igualdade Racial, além da implementação da anunciada criação da política de cotas em cargos de comissão e funções de confiança na administração pública federal. Na construção de uma sociedade mais justa e desenvolvida, não se pode deixar que mais da metade dos brasileiros seja sempre relegada aos menores salários e a condições de trabalho mais precárias apenas pela cor/raça ou pelo gênero. É necessário amplo trabalho de sensibilização para que todas as políticas públicas sejam desenhadas e implementadas com o objetivo de atacar o problema das desigualdadesespecialmente no mercado de trabalho , conclui o relatório.

Nesta segunda, tem Marcha Independente Zumbi Dandara, em Porto Alegre
Acontece nesta segunda-feira, para marcar o 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, mais uma edição da Marcha Independente Zumbi Dandara. Haverá concentração a partir das 17h, na Esquina Democrática, com caminhada em direção ao Largo Zumbi dos Palmares às 19h. O tema da marcha deste ano é Poder para o povo preto, por nossa identidade gaúcha e pelo direito à cidade . O Sintrajufe/RS é uma das entidades organizadoras da atividade.
A atividade faz parte da programação do Novembro Antirracista Unificado, aberto oficialmente no dia 6 deste mês, no Mercado Público de Porto Alegre. O 1º Encontro de Negros e Negras do Sintrajufe/RS, que ocorreu em 28 de outubro, foi uma atividade preparatória para o Novembro Antirracista. Por isso, o sindicato convida a categoria a participar da Marcha, que contará com a presença da direção e colegas da base, incluindo integrantes do Núcleo de Negros e Negras do Sintrajufe/RS, com uma faixa com os dizeres Reparação histórica: cotas raciais, sim! Enquanto forem necessárias! .
