O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação, mostra que seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados teve alta. Alimentação e bebidas subiram 1,16% em julho, quatro vezes mais do que no mês anterior, quando o índice ficou em 0,25%. A prévia foi divulgada pelo IBGE nesta terça-feira, 26, e considera famílias com renda de um (R$ 1.212) a 40 salários mínimos (R$ 48.480).
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No cálculo geral, a prévia da inflação para julho ficou em 0,13%, abaixo da taxa de junho (0,69%). No ano, o acumulado do IPCA-15 é de 5,79%; nos últimos 12 meses, chega a 11,39%, queda em relação aos 12,04% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Conforme o IBGE, a queda do IPCA-15 em julho foi puxada, principalmente, pelos itens relacionados a transporte e habitação. Este último item caiu -0,78%, graças à redução de 4,61% na energia elétrica residencial. Em julho, segue em vigor a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.
No grupo dos transportes, a queda registrada é de -1,08% e foi influenciada pelo recuo nos preços dos combustíveis (-4,88%), em particular da gasolina (-5,01%) e do etanol (-8,16%). O óleo diesel seguiu na contramão dos demais combustíveis, com alta de 7,32%. No lado das altas, as passagens aéreas subiram 8,13%, contribuindo com 0,05 % no IPCA-15 de julho. Cabe mencionar também aumento em ônibus urbano (0,67%), consequência do reajuste de 11,36% nas passagens em Salvador (7,46%), aplicado efetivamente a partir de 4 de junho. Salvador é uma das regiões metropolitanas pesquisadas.
Comida, bebidas e vestuário seguem em alta
De acordo com a pesquisa, o que mais pesou para a alta em alimentos e bebidas foi o aumento nos preços do leite longa vida (22,27%), maior impacto individual no índice do mês, com 0,18 %. No ano, a variação acumulada do produto chega a 57,42%. Além disso, alguns derivados do leite também registraram alta no IPCA-15 de julho, como requeijão (4,74%), manteiga (4,25%) e queijo (3,22%).
Outros destaques no grupo foram as frutas (4,03%), que haviam tido queda em junho (-2,61%), o feijão-carioca (4,25%) e o pão francês (1,47%). Com isso, a alimentação no domicílio variou 1,12% em julho.
A alimentação fora do domicílio teve alta de 1,27% em julho, acelerando em relação a junho (0,74%). Tanto o lanche (2,18%) quanto a refeição (0,92%) tiveram variações superiores às do mês anterior (1,10% e 0,70%, respectivamente).
A maior variação de junho para julho foi registrada no grupo de vestuário, puxada, sobretudo, pela alta de 1,97% no preço médio das roupas masculinas; as femininas subiram 1,32% no mês. Também tiveram aumento superior a 1% os preços dos calçados e dos assessórios femininos.
Inflação acima da meta pelo segundo ano seguido
As metas de inflação são definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2021, a inflação fechou o ano em 10,06%, bem acima do teto da meta (5,25%), representando o maior aumento desde 2015.
A meta de inflação para 2022 é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%. No final de junho, o BC admitiu oficialmente que a meta deve ser descumprida novamente este ano. A projeção do Banco Central é que o IPCA fique em 8,8%. Para o próximo ano, a meta de inflação foi fixada em 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de junho a 13 de julho de 2022 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de maio a 13 de junho de 2022 (base). A abrangência são as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
Os grupos analisados são alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.
Fonte: CUT Brasil e G1