SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

EM SANTO í‚NGELO

Operações resgatam idosos de trabalho análogo à escravidão no Nordeste e Sul do paí­s

Dois idosos separados por mais de três mil quilômetros de distância viviam o mesmo drama, submetidos ao trabalho análogo à escravidão. A mulher, de 70 anos, foi resgatada em Fortaleza (Ceará), e o homem, de 71 anos foi encontrado no municí­pio de Santo í‚ngelo (Rio Grande do Sul), em um hotel localizado nos arredores da cidade.

Sem salários desde 2018

No caso de Santo í‚ngelo, o idoso trabalhava no local há 10 anos, mas não recebia salários desde 2018, ano em que se aposentou por idade. O patrão também usava o cartão de banco do idoso para ficar com a maior parte de sua aposentaria, entregando a ele apenas R$ 500 do total, alegando ter de pagar despesas do trabalhador. Antes de ter direito ao benefí­cio previdenciário, ele recebia como pagamento R$ 150,00 semanais e, no máximo, R$ 500,00 por mês, ou seja, valor inferior ao salário mí­nimo desse perí­odo. Durante os 10 anos de prestação de serviços, não houve assinatura da carteira de trabalho, tampouco pagamento de férias, décimo terceiro, horas extras, adicional noturno e demais verbas trabalhistas. O idoso exercia diversas atividades, desde a limpeza de todos os chalés, lavagem de roupas de cama, até a recepção dos clientes, trabalhando praticamente vinte e quatro horas por dia, sem horário para descanso.

O pernoite era em um pequeno cômodo bastante sujo, com mofo, goteiras e teias de aranha. O trabalhador cozinhava em um fogão a gás dentro de um galpão que também servia como abrigo para animais, depósito de ferramentas, móveis e eletrodomésticos/eletrônicos inutilizados, produtos de limpeza e como garagem. O responsável pelo hotel foi notificado para pagar as verbas rescisórias ao trabalhador resgatado, cujo montante ultrapassou R$ 400 mil. Contudo, o pagamento não foi realizado.

Doméstica resgatada

Em Fortaleza, a idosa resgatada tem 70 anos e trabalhou para a mesma famí­lia por mais de 40 anos em troca de comida e moradia. Ela foi resgatada por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) durante ações de combate ao trabalho análogo à escravidão de trabalhadoras domésticas em Fortaleza, Ceará, nesta semana. Ela não se lembra de ter recebido salário e não saí­a para folgas, trabalhando de domingo a domingo. Ela dormia na lavanderia da casa.

Como denunciar

Denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê, AQUI.

Os dados oficiais das ações de combate ao trabalho análogo ao de escravo no Brasil estão disponí­veis no Radar do Trabalho Escravo da SIT, AQUI.

Editado por Sintrajufe/RS; fonte: CUT.