SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Na semana em que contabiliza 200 mil mortos, governo promete vacina, mas não garante seringas e deixa milhões de testes sem uso

Na semana em que contabiliza 200 mil mortos, governo promete vacina, mas não garante seringas e deixa milhões de testes sem uso

O governo de Jair Bolsonaro (sem partido), por meio do ministro da saúde Eduardo Pazuello, anunciou assinatura de contrato para a compra de 100 milhões de doses da vacina Coronavac, teoricamente cobrindo 50 milhões de pessoas entre uma população de mais de 210 milhões. Embora a vacina seja uma necessidade e uma urgência do povo brasileiro – como também dos demais países –, o governo não apresenta ações que garantam até mesmo a utilização dessas 100 milhões de doses prometidas. A falta de seringas – e a falta de esforço em adquiri-las – é um dos elementos que gera desconfiança nesse sentido. E assim já passamos de 200 mil vidas perdidas no país.

O governo alega, agora, que as seringas estão muito caras. Porém, já em agosto a Associação Brasileira de Produtores de Itens Hospitalares (Abimo) alertava que, se o governo não agisse rapidamente, o Brasil poderia ficar sem seringas suficientes. Naquele mês, o superintendente da Abimo, Paulo Henrique Fraccaro, destacou que o país corria o risco de repetir a situação ocorrida com os respiradores e os equipamentos de proteção individual – no início da pandemia, os produtos ficaram em falta no mercado mundial e vários contratos foram desfeitos de última hora por conta da demanda internacional: “As indústrias estão preparadas para chegar a até 1,6 bilhão de seringas por ano, mas isso depende de planejamento. Sem uma demanda concreta, elas não vão investir em um aumento de produção”, afirmou Fraccaro na época.

Negacionismo, deboche e falta de compromisso

O negacionismo e o abandono da população à própria sorte têm sido a marca das ações do governo Bolsonaro frente à pandemia. As declarações como a que caracterizou o novo coronavírus como uma “gripezinha” são acompanhadas de total descompasso no combate à pandemia. Em abril de 2020, Bolsonaro manifestou seu sentimento em um momento em que chegávamos às 5 mil mortes: “Mas… e daí? Lamento, quer que eu faça o quê? Eu sou messias, mas não faço milagre”. Também em abril, Bolsonaro e Osmar Terra projetaram que o novo coronavírus mataria, no Brasil, menos do que a epidemia de H1N1, que, em 2009, matou 2.098 pessoas. Palpite errado, engano ou mentira deliberada?

Nas entrevistas, Bolsonaro minimiza a gravidade da situação, chegando a afirmar, recentemente, que não se importava com o atraso no Brasil na estruturação de uma estratégia de vacinação – hoje, cerca de 20 milhões de pessoas já foram vacinadas ao redor do mundo, nenhuma no Brasil (com exceção das que participaram dos testes das vacinas). O desastre brasileiro só é comparável ao dos Estados Unidos, onde Donald Trump, conduziu as políticas locais de forma semelhante – embora somem menos de 7% da população mundial, Brasil e Estados Unidos acumulam cerca de 30% das mortes causadas pelo novo coronavírus.

Menos testagem, menos recursos para a Saúde e desconfiança sobre vacinação

A política de testagem, um caminho fundamental para a prevenção da população e a proteção da vida e da saúde de brasileiros e brasileiras, não foi construída pelo governo federal em nenhum momento. O Brasil está entre os países que menos testa entre as nações mais afetadas pela pandemia. Cerca de 7 milhões de testes estão vencendo em um depósito, já que o governo federal não fornece aos estados condições para aplicar políticas de testagem em massa. Estudo da Fiocruz apontou que a falha da testagem em massa no Brasil contribuiu para o aumento dos casos graves no país e impediu melhores ações dos estados no combate à pandemia.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro e Guedes reduzem os recursos disponíveis para o SUS, grande instrumento brasileiro no combate aos efeitos da pandemia. A Saúde perderá R$ 35 bilhões no Orçamento de 2021, agravando as dificuldades já existentes. Trata-se de uma das faces mais visíveis da política ampla de desmonte dos serviços públicos conduzida pelo atual governo. Enquanto isso, o setor públicos e os servidores e servidoras se viram como podem, demonstrando sua competência e seu compromisso com o país: é o caso do trabalho da Fiocruz e do Instituto Butantan, instituições públicas de grande tradição e de reconhecimento científico internacional que estão sendo fundamentais na construção de saídas concretas para a crise sanitária. Apesar de Bolsonaro.

O mesmo tipo de descaso ocorre, agora, com a dificuldade para a compra de seringas, de forma que não há como confiar na promessa de Pazuello.