SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

NO DIA 24, ÀS 18H

Movimento sindical e comunidade organizam ato em defesa da luz e água públicas em Porto Alegre; Sintrajufe/RS estará presente

Quase uma semana após o temporal do dia 16, milhares de famí­lias continuam sofrendo com a falta de energia elétrica no Rio Grande do Sul. A Equatorial Energia, empresa privada que comprou a CEEE por apenas R$ 100 mil, deixa trabalhadores e trabalhadoras entregues à própria sorte, com enormes prejuí­zos financeiros e em suas rotinas. Em meio aos diversos protestos que aconteceram em Porto Alegre nos últimos dias, o movimento sindical, juntamente com a comunidade da capital gaúcha, está convocando uma mobilização para esta quarta-feira, 24.

O ato público será às 18h, com concentração em frente ao Palácio Piratini e caminhada até o Paço Municipal. Serão organizados ônibus para que as diferentes comunidades participem da manifestação. A mobilização foi definida na última sexta-feira, 19, em reunião da Frente dos Servidores Públicos do RS, da qual o Sintrajufe/RS faz parte, com a presença das centrais sindicais (CUT, CTB e Intersindical).

As entidades avaliaram que a responsabilidade é de Eduardo Leite (PSDB) e Sebastião Melo (MDB), já que os problemas enfrentados nos últimos dias são frutos da privatização da CEEE, da falta de investimentos e do desmonte da rede de atendimento feito pela atual proprietária, a Equatorial Energia. Eduardo Leite vendeu a CEEE por R$ 100 mil e Melo, deputado estadual à época, votou a favor da venda. Ambos seguem defendendo a privatização.

O ato terá como eixo a reestatização e a realização de investimentos urgentes na CEEE, além da defesa do DMAE públicojá que Melo também quer privatizar a água de Porto Alegre. Leite e Melo, chega de descaso!

Equatorial reduziu quase metade quadro de pessoal, mas valor na bolsa mais do que dobrou em cinco anos

O leilão que vendeu a CEEE à Equatorial aconteceu em março de 2021, com o valor de apenas R$ 100 mil. Logo a seguir, a empresa deu iní­cio a uma onda de demissões que levou embora quase metade do quadro de funcionários. Dos cerca de 2,5 mil funcionários, 998 aderiram ao plano de demissões voluntárias (PDV) lançado pela Equatorial, e a empresa demitiu outros tantos. Conforme o presidente do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Antonio Silveira, há muita precarização e hoje mais de 90% das atividades da Equatorial são terceirizadas , apontou. Segundo Antônio, é mão de obra barata, com pouca qualificação técnica e, desta forma, não conseguem atender qualquer evento fora da normalidade, além da precariedade da manutenção de suas instalações, que refletem negativamente no seu desempenho operacional .

A demissão de quase metade do quadro funcional gera problemas para a prestação dos serviços, como a demora na religação após quedas de energia. Mas a saúde financeira da empresa vai muito bem. Desde 2019, o valor das ações da Equatorial mais do que dobrou, mesmo com os sucessivos problemas não apenas no Rio Grande do Sul, mas também nos outros estados onde opera. No final do ano passado, a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) aplicou uma multa de R$ 24,3 milhões à CEEE Equatorial devido à baixa qualidade de serviços prestados pela empresa, que atende cerca de 1,8 milhão de gaúchos e gaúchas em 72 municí­pios das regiões Metropolitana de Porto Alegre, Sul, Centro-Sul, Campanha, Litoral Norte e Litoral Sul.

A Equatorial teve lucro lí­quido consolidado de R$ 927,7 milhões no terceiro trimestre do ano passado, o que corresponde a alta de 58,7% em relação aos R$ 584,5 milhões de um ano antes. A receita lí­quida da companhia somou R$ 10,36 bilhões, aumento de 50,6% na comparação anual.

Trocar de empresa não resolve, é preciso trocar a lógica

O tipo de problema que a população gaúcha enfrenta não é exclusividade do estado. Em outros locais, onde empresas diferentes operam de forma privada o setor de energia, os problemas são semelhantes. Em São Paulo, por exemplo, dezenas de milhares de pessoas passaram muitas horas sem energia cerca de uma semana atrás, após um temporal. Lá, a responsabilidade é da Enel, que adquiriu a Eletropaulo em 2018. Em dezembro do ano passado, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel da Assembleia Legislativa de SP apontou irregularidades e negligências cometidas pela concessionária entre 2018 e 2023. O relatório diz que, além de negligente, a empresa concessionária foi ineficiente na prestação dos serviços, principalmente depois do apagão de 3 de novembro. Na ocasião, alguns bairros chegaram a ficar mais de quatro dias sem luz.

A lógica é a mesma: manter a lucratividade a todo custo. Mesmo que esse custo seja um direito básico da população. Assim, para garantir esse direito, uma empresa de um setor importante como esse não poderia ser privatizada; precisaria ter o bem público como único objetivo, não o lucro. Dessa forma, trocar a Equatorial por outra empresa privada não vai resolver o problema da população do Rio Grande do Sul. É preciso reestatizar e investir na CEEE, bem como na Corsan, privatizada no mesmo pacote.