SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESTAQUE

Mostra de cartuns sobre soberania nacional é censurada na Câmara de Vereadores logo após inauguração

Painéis com as obras foram acorrentados e retirados do local de exposição

A exposição de cartuns e charges “Riso em RiscoIndependência em Risco” foi retirada da Câmara de Vereadores de Porto Alegre menos de 24 horas após a inauguração, por determinação da presidente da Casa, Mônica Leal (PP). O evento foi inaugurado nessa segunda-feira, 2, em uma promoção da Grafistas Associadas do RS (Grafar) e do gabinete do vereador Marcelo Sgarbossa (PT). Os organizadores denunciam que houve censura por parte da Presidência da Casa.

Participavam da mostra 19 cartunistas, com um total de 36 charges e cartuns debatendo a conjuntura polí­ti, a soberania nacional e a independência do Brasil: Alexandre Beck, Alisson Affonso, Bier, Bruno Ortiz, Dóro, Edgar Vasques, Edu, Elias, Eugênio, Gui Moojen, Hals, Kayser, Koostela, Latuff, Nik, Santiago, Schroder, Uberti e Vecente. O cartunista Leandro Dóro é funcionário do Sintrajufe/RS, onde exerce a função de produtor gráfico.

Inauguração da mostra

No final da manhã desta terça-feira, 3, o vereador Valter Nagelstein (MDB) que fez uma live nas redes sociais e manifestações contrárias à exposição. Conforme o parlamentar, algumas obras possuí­am “teor ofensivo” contra a figura do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Depois dessas manifestações, Mônica Leal determinou que as obras fossem acorrentadas e retiradas do local de exposição.

Segundo Dóro, o conteúdo apresentado é referente à atual conjuntura polí­tica e em nada difere do debatido em redes sociais e espaços públicos. Se indiví­duos discordam do conteúdo, devem debater, mas não censurar. Quem censura agride a democracia e se aproxima da ditadura , afirma.

Os cartunistas receberam solidariedade do Sindicato dos Jornalistas do RS (Sindjors), e a ação da Presidência da Câmara foi noticiada em diversos órgãos de comunicação. O vereador Sgarbossa, que fez o pedido de autorização para a exposição, diz que recebeu com espanto a notí­cia da retirada: isso coloca em dúvida se estamos em uma democracia ou não . Ele informa que não foi comunicado oficialmente da decisão de fechamento da exposição.

Os artistas devem agora se reunir para pensar o que será feito. Nossa exposição foi feita com nossos próprios recursos. Inclusive, hoje, estávamos rateando os valores. Sequer fizemos coquetel. Saí­mos da Câmara para jantar. Ontem mesmo comemorávamos que ainda vivemos em uma democracia para poder expressar opinião. Hoje, em um espaço público em que deveria existir a diversidade, fomos cerceados , afirma Dóro.