SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

MOVIMENTO SINDICAL

Milei investe contra sindicatos em dia de greve geral contra ajuste fiscal e massacre a aposentados

Nesta quinta-feira, 10, trabalhadores e trabalhadoras argentinas pararam pela terceira vez neste ano, em uma greve de 24 horas convocada pelas centrais sindicais como resposta às políticas implementadas pelo governo de Javier Milei. A paralisação é uma reação ao ajuste fiscal severo enquanto os lucros do setor financeiro continuam crescendo.

A paralisação contou com a adesão de sindicatos de ferroviários, metroviários, taxistas, portuários, aeronautas, bancários, profissionais da saúde, professores e da administração pública, além de contar com o apoio expressivo dos aposentados. O resultado imediato foi o cancelamento de voos, o fechamento de linhas de metrô e trem e um grande impacto no transporte público de Buenos Aires.

A Central Única dos Trabalhadores do Brasil – CUT, em nome de suas 3.806 entidades filiadas, expressou em nota a “mais profunda solidariedade e apoio a greve geral convocada de forma unitária pelas centrais sindicais argentinas que estão em luta pela defesa dos direitos dos aposentados e contra a interferência do Fundo Monetário Internacional no país.”

A nota ainda registra que “a multitudinária marcha realizada dia 09 de abril expressa a enorme adesão ao movimento grevista e sua terceira greve nacional contra o governo de Javier Milei e seu modelo econômico de exclusão e destruição do aparato produtivo do país e as políticas de ajustes e de destruição da Argentina, para atender as exigências do FMI para pagamento de dívidas, agravando a situação de argentinos mais vulneráveis por décadas.”

Milei desrespeita direito de greve e tenta jogar o país contra as entidades sindicais

Milei, por sua vez, reagiu com ataques diretos. O governo classificou a greve como um “ataque à República”, tentando deslegitimar os sindicatos ao acusá-los de “atentar contra milhões de argentinos que querem trabalhar”. Para aumentar a pressão, o governo espalhou propagandas nas estações de trem, incentivando a denúncia de qualquer trabalhador que fosse forçado a aderir à paralisação.

A retórica contra os sindicatos têm se intensificado desde que Milei assumiu o cargo, com políticos do governo, como o presidente da Câmara, Martín Menem, e a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, atacando publicamente as manifestações. Bullrich afirmou que “as ruas já não pertencem aos que pressionam, mas aos que trabalham”. Essa investida contra os sindicatos reflete o crescente desdém do governo pelas vozes da classe trabalhadora, que resistem ao impacto do ajuste fiscal.

Sofrimento dos aposentados continua

Enquanto isso, a situação dos aposentados continua a ser uma das maiores preocupações da greve. Com a queda do poder de compra e a estagnação das aposentadorias, muitos idosos têm se unido aos sindicatos nas manifestações.

Essa greve, que já se soma às duas anteriores, destaca uma crescente insatisfação social com o governo de Milei. A decisão do presidente de reduzir os gastos públicos, enquanto mantém altas os lucros das elites e do setor financeiro, tem gerado uma enorme disparidade entre ricos e pobres, e a classe trabalhadora tem sido a principal vítima dessas políticas. Para muitos argentinos, a greve não é apenas uma forma de protesto contra o governo, mas uma última tentativa de manter a dignidade e os direitos conquistados ao longo de décadas de lutas sociais.

Fonte: Agência Brasil, Carta Capital e O Globo.

Foto: Divulgação/CTA