Nessa quinta-feira, 18, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), o que deixou indignados os trabalhadores e as trabalhadoras da empresa, que garante o abastecimento de água para a maioria da população do estado. A medida foi objeto de debate nas eleições de 2018, quando Leite prometeu que não venderia a Corsan e o Banrisul e que ambas continuariam como empresas públicas.
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A venda de estatais como desculpa para sobrar mais dinheiro para investir em saúde, educação e segurança é antiga. No governo Britto, foram vendidas a CRT e parte da CEEE, foi extinta a Caixa Econômica Estadual. Mais de duas décadas depois, está evidente que a situação só piorou. Nas eleições, pesquisa mostrava que 70% dos gaúchos e gaúchas eram contra a privatização de estatais. De forma oportunista, Leite, que era favorável às privatizações, mudou de posição na campanha, para evitar desgaste e prometeu em público não privatizar a Corsan e o Banrisul durante seu mandato. Mas a máscara caiu.
A Constituição Estadual obriga a realização de plebiscito em caso de venda da Corsan, do Banrisul e da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs). No entanto, tramita na Assembleia Legislativa proposta de emenda à Constituição (PEC) 280/2019, para retirar essa obrigatoriedade; foi apresentada pelo deputado Sérgio Turra (PP), da base do governo Leite. Em 2019, a Assembleia já havia aprovado PEC, apresentada pelo governo, retirando da Constituição a consulta para venda das estatais CEEE, Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Companhia de Gás do RS (Sulgás).
A PEC 280 não avançou, devido a grandes pressões de sindicatos, trabalhadores e trabalhadoras das estatais e vários segmentos da sociedade gaúcha. No entanto, Leite se aproveita do pior momento da pandemia no estado e no Brasil para tentar fazer passar a proposta de privatização.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Bancários e da CUT/RS Everton Gimenis, em nota publicada no site Sul21, “com a notícia de hoje, onde o governador falou publicamente que vai privatizar a Corsan, com certeza a base governista na ALRS vai tentar acelerar a aprovação da PEC 280 para poder privatizar sem consultar o povo gaúcho”. Ele afirma que “já vimos que a palavra do governador não vale nada, e desculpa ele arranja conforme a necessidade e os interesses”. Gimenis ressalta que é preciso que a população se una na luta em defesa das empresas públicas: “o desmonte do Estado não vai só causar o desemprego dos funcionários dessas empresas, vai aprofundar a crise econômica do RS e a prestação de serviços para a população. Imaginem a água, um bem essencial à vida, nas mãos da iniciativa privada que só pensa no lucro!”.
Editado por Sintrajufe/RS; fonte: CUT/RS