Nessa quarta-feira, 24, o Brasil chegou a mais uma triste marca na pandemia do novo coronavírus. São 300 mil mortes confirmadas pela doença. Mais do que um número, são famílias destruídas, amigos perdidos, casais separados por mortes muitas vezes evitáveis. Pior: as cifras só crescem, e a cada dia o país bate novos recordes de casos e óbitos, em meio ao negacionista e a políticas que empurram a população para a morte.
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Nos últimos dias, a média de novos casos confirmados a cada 24 horas ultrapassou os 75 mil. As mortes, por sua vez, têm média diária superior a 2 mil desde o dia 17 de março, com alguns dias ultrapassando os 3 mil óbitos confirmados. O Brasil é, já há alguns meses, o epicentro da pandemia, configurando-se como uma ameaça global na medida em que o descontrole da doença no país pode gerar novas variantes do vírus.
Falta de vacinas, testagem e de políticas de enfrentamento à pandemia
Muitas dessas 300 mil mortes já registradas seriam evitáveis com medidas simples. O ritmo extremamente lento da vacinação, por exemplo, deixa a população desassistida e sem perspectiva de sair da crise. Não há um plano nacional efetivo de vacinação, a compra de vacinas é feita a conta gotas e a recusa do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em negociar doses oferecidas já no ano passado prolongou desnecessariamente a tragédia.
As vacinas, porém, não são o único ponto no qual o governo federal atrapalha as perspectivas de combate à pandemia. Em nenhum momento, em mais de um ano de crise sanitária, foi efetuada uma política de testagem da população e controle epidemiológico. Milhões de testes chegaram a vencer sem serem enviados aos estados. Ao mesmo tempo, Bolsonaro e seu governo indicavam para a população medicamentos sem qualquer comprovação científica e que, agora, sabe-se que estão causando graves problemas de saúde a pessoas que o administraram.
A falta de liderança do governo federal na construção de uma gestão responsável da crise esteve espelhada nas mudanças no ministério da Saúde. De ministro em ministro, a situação foi piorando, a política da morte ganhando terreno frente à ciência, chegando-se ao desastroso Eduardo Pazuello, agora defenestrado para tentar salvar a pele de Bolsonaro como um afago ao centrão . As constantes substituições de ministros não deixam dúvidas: Bolsonaro faz da pandemia um terreno de decisões autocentradas, afastadas de noções científicas e voltadas apenas para sua sanha autoritária e genocida.
Governo ignora orientações da OMS e, ao mesmo tempo, joga população na miséria
As medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) foram reiteradamente desrespeitadas, ridicularizadas e combatidas por Bolsonaro, do uso de máscaras a ações de distanciamento social. Bolsonaro vem combatendo todas as medidas restritivas apresentadas por alguns governadores e prefeitos, mesmo as mais brandas e pouco efetivas. Sem suporte econômico às famílias, o governo vem jogando brasileiros e brasileiras à miséria, e, ao mesmo tempo em que mantém quase tudo aberto, permite a suspensão de contratos e a redução de salários dos trabalhadores e trabalhadoras do setor privado. Ainda, luta para não pagar o auxílio emergencial de que a população tanto precisa, e só aceitou retomar o pagamento, agora, com grande redução de valores.
Passar a boiada para destruir os serviços públicos
O governo Bolsonaro também utiliza a pandemia para passar a boiada , como sugeriu o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e desmontar os serviços públicos. Com a pandemia como desculpa e necessidades como o auxílio emergencial como objetos de chantagem, o governo já aprovou a PEC Emergencial e tem logo à frente a reforma administrativa. Com essas e outras medidas, proíbe gastos com o serviço público, sobrecarrega e retira direitos de servidores e servidoras e deixa a população desassistida.
O Sistema único de Saúde (SUS), constante alvo de ataques do atual governo, tem se mostrado a única salvaguarda da população frente à crise sanitária. Graças à robusta estrutura do SUS, apesar de sua precarização, muitas vidas estão sendo salvas. Não fosse o Sistema único de Saúde, a tragédia seria muito maior. Mesmo assim e ainda que o SUS esteja sob forte pressão pela alta demanda, o governo não amplia investimentos e congela os salários de todos os servidores e servidoras, inclusive os da Saúde, sendo os militares a única exceção.
Mais e melhores serviços públicos, vacina já e Fora Bolsonaro!
O momento é muito duro para a população brasileira, afundada em uma crise sanitária e econômica e liderada por um governo que não se importa com a vida dos brasileiros. Algumas pautas de luta se impõem neste momento como centro da política nacional e como únicos caminhos para começar a sair da crise. A defesa de mais e melhores serviços públicos, a exigência de rapidez na vacinação e o fim do governo Bolsonaro são as principais dessas pautas.
Diversas mobilizações, em variados formatos, têm sido realizadas na defesa de agilização da vacinação. O Sintrajufe/RS soma-se a esse chamado e defende vacina já para todos e todas e testagem de forma gratuita e pelo SUS. Junto a políticas de proteção, essa é a única saída para a crise sanitária.
Ao mesmo tempo, é preciso lutar pela valorização dos serviços públicos. Frente à crise econômica, é ali que a população encontra a possibilidade de ver seus direitos básicos respeitados. É na estrutura do serviço público que a população é atendida em demandas como saúde, educação e justiça. A pandemia deixou ainda mais claro esse cenário, reforçando a importância do SUS. Frente às tentativas de desmonte, precarização e privatizações, a classe trabalhadora deve exigir mais e melhores serviços públicos, não menos!
Finalmente, é preciso ter muito claro que não há saída completa da crise sob o governo Bolsonaro. Sua política é a da morte e da destruição dos serviços públicos. Assim, para proteger a vida e a saúde dos brasileiros e para construir mais e melhores serviços públicos, a insígnia do Fora Bolsonaro é uma necessidade.
Não queremos mais 300 mil mortes! Não queremos nem mais um dia de governo Bolsonaro!