Na última sexta-feira, 3, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) e o deputado Filipe Barros (PSL-PR) anunciaram que irão apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para extinguir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As ameaças foram feitas em um evento da ultra-direita internacional, o CPAC, realizado neste ano em Brasília e organizado por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
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Kicis foi a autora da proposta que visava instituir o voto impresso e, no evento, atacou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmando que ele teria cooptado deputados para derrotarem a mudança. Os parlamentares também voltaram a atacar as urnas eletrônicas, afirmando que elas podem ser violadas.
Jair Bolsonaro (sem partido) também participou do mesmo evento, no sábado, 4. Na ocasião, voltou a fazer afirmações mentirosas sobre fraudes eleitorais e atacou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes, afirmando que ele está contaminando a democracia . Ainda, ameaçou: Falar em fraude agora virou fake news. Ou eu falo o que os cara querem ou abrem inquérito contra mim. Estão achando que vão me broxar. Estão achando que vou recuar. Eu sei que está do lado deles é muito, muito fácil, mas não fugirei da verdade e nem do compromisso que fiz para com vocês .
Para o diretor do Sintrajufe/RS e servidor da Justiça Eleitoral Edson Borowski, o Brasil possui uma instituição constitucional, exclusiva, para tratar das eleições. A Justiça Eleitoral brasileira é uma instituição que consta no Poder Judiciário da União como uma Justiça especializada e é uma referência para vários países de todo o mundo. Outros países da América do Sul já possuem entidades constitucionais, como o Uruguai, desde 1924, o Brasil, desde 1932, que cuidam da legitimidade e da segurança das eleições, contra fraudes que existiam antes. Portanto, atacar esse sistema é atacar a democracia, é voltar ao tempo do cabresto, é voltar ao tempo dos coronéis. Todo e qualquer ataque à Justiça Eleitoral e aos seus servidores tem que ser rebatido urgentemente para que a gente garanta a democracia. As ameaças são grandes cortinas de fumaça sobre a tragédia que é esse governo genocida, que já atinge o patamar de 600 mil vidas perdidas na pandemia, com inflação alta, com alimentos caríssimos, com a gasolina com valor absurdo. Nós precisamos combater isso indo para as ruas para garantir os pilares democráticos do país .
Os novos ataques de Bolsonaro e dos deputados de sua base à Justiça Eleitoral e ao STF vêm às vésperas do 7 de setembro, para quando estão marcadas manifestações pró e contra o governo. Do lado do bolsonarismo, estão convocados atos antidemocráticos, pedindo intervenção militar, fechamento do Congresso e do STF, entre outras pautas que buscam construir as condições para a continuidade da escalada golpista promovida por Bolsonaro. Por outro lado, também estão marcadas manifestações pelo fim do governo Bolsonaro, em defesa da democracia e contra a reforma administrativa. Em Porto Alegre, o Fora Bolsonaro será no Parque da Redenção, com ato ecumênico às 11h e concentração para a marcha a partir das 13h30min.