SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

JUSTIÇA ELEITORAL

Em Encontro Estadual da JE, colegas discutem segurança das eleições de 2022, defesa da instituição e ação do Sintrajufe/RS contra Bolsonaro

O Sintrajufe/RS realizou na noite dessa segunda-feira, 16, o Encontro Estadual da Justiça Eleitoral. Com a participação de colegas de diversas partes do estado, por videoconferência, a atividade discutiu temas como a segurança das eleições de 2022 (e a segurança dos servidores e servidoras envolvidos em sua realização), a defesa da Justiça Eleitoral contra os ataques que vem sofrendo e a ação judicial movida pelo Sintrajufe/RS por conta dos reiterados ataques de Jair Bolsonaro (sem partido) à instituição e aos servidores. Os participantes também escolheram os e as representantes do Rio Grande do Sul no Encontro Nacional da Fenajufe de Servidores e Servidoras da Justiça Eleitoral (Eneje), que acontece no dia 21 de agosto.

A mesa do Encontro foi composta pelas diretoras Cristina Viana e Clarice Camargo e pelos diretores Edson Borowski e Zé Oliveira. A diretora Cristina abriu o Encontro e apresentou o advogado Carlos Guedes, do escritório Silveira, Martins, Hübner, que presta assessoria jurí­dica ao sindicato, e que falou sobre a ação civil pública do Sintrajufe/RS contra o Bolsonaro por danos morais a servidores e servidoras da Justiça Eleitoral devido aos constantes ataques ao sistema eleitoral e à própria democracia.

Ataques à JE, aos servidores e à democracia

Carlos explicou que a ação foi movida a partir do entendimento de que, mesmo com as reiteradas falsas acusações de Bolsonaro contra a instituição e os servidores, ataques que remontam a 2018, os atores institucionais demoraram muito para reagir. Com essa preocupação, o sindicato e sua assessoria jurí­dica discutiram diversas possibilidades de judicialização do tema, definindo-se por uma ação civil pública. Para prepará-la, a assessoria jurí­dica assistiu a todas as lives de Bolsonaro, elencando algumas das acusações e ataques, como a notí­cia falsa sobre o uso de cola para inabilitar a tecla 7 das urnas eletrônicas, impedindo o voto no 17, número de Bolsonaro. A partir dessas observações, o objetivo da ação foi tentar evitar a continuidade dos ataques a servidores e à própria Justiça Eleitoral. Na ação, o Sintrajufe/RS requer que a União seja condenada a pagar R$ 1 milhão por danos morais e que seus agentes públicosem especial o presidente da República “, em perfis vinculados ao governo, redes sociais, veí­culos de comunicação ou outros meios, se abstenham de divulgar ou fomentar conteúdos que sugiram fraudes nas eleições organizadas pela Justiça Eleitoral. É requerido também que sejam promovidas campanhas públicas informativas sobre a segurança da votação eletrônica.

O advogado destacou que, pela primeira vez, um processo do Sintrajufe/RS direcionado à União não foi respondido pela Advocacia-Geral da União no Rio Grande do Sul, e sim em Santa Catarina. A aparência, conforme Carlos, é de que houve uma recusa dos advogados da União no Rio Grande do Sul em relação à tese a ser sustentada , tese essa construí­da no sentido de que as falas de Bolsonaro são feitas de forma informal. Além disso, Carlos informou que o documento de defesa foi preparado diretamente na subchefia de assuntos jurí­dicos da Presidência da República e apenas assinado em Santa Catarina.

Por outro lado, o advogado lamentou a decisão inicial sobre o processo, no sentido de que uma decisão neste momento traria efeitos irreversí­veisa juí­za argumentou que, se Bolsonaro fosse agora proibido de acusar a Justiça Eleitoral de fraudulenta, caso a fraude fosse comprovada não haveria como voltar atrás da decisão. Carlos criticou a recusa da juí­za em somar-se à defesa do Judiciário e explicou que manifestações dos recursos seriam protocoladas ainda na segunda-feira.

Eleições seguras

Após a fala de Carlos, a diretora Clarice Camargo fez a introdução para um painel seguinte, apresentado pelo diretor do Sintrajufe/RS e da Fenajufe Edson Borowski. Edson fez uma retomada de disputas polí­ticas recentes em diversas partes do mundo que tiveram como centro o discurso de ódio, como o Brexit, na Inglaterra, os questionamentos à apuração eleitoral na Bolí­via em 2019 e a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 2020. Assim, construiu um paralelo com as discussões avivadas agora por Bolsonaro e seus apoiadores sobre o voto impresso, que traz perspectivas preocupantes para as eleições de 2022.

Edson apresentou dados sobre a confiança da população nas urnas eletrônicas, que mostram que apenas 32,9% dos brasileiros e brasileiras têm confiança elevada na urna e 58% acreditam que a impressão do voto pode trazer mais confiança ao processo eleitoral. Esses dados, apontou Edson, são resultado do discurso de ódio e das mentiras propagadas no último perí­odo, e devem acender o alerta para o pleito de 2022. Para o dirigente, algumas perspectivas são importantes para reforçar a segurança do processo eleitoral do ano que vem: reavaliação dos processos de auditoria no dia da eleição; fim da auditoria do AVPART; ampliação da votação paralela; realização de votação paralela por entidades terceiras; criação de um programa sobre observação internacional (preocupação com criação de desconfiança, TSE já criou GT); plano de segurança interna (TREs e cartórios eleitorais); formação e capacitação de servidores. Conforme Edson, é preciso reorganizar a forma de fazer eleições e reeducar os eleitores: Se continuarmos fazendo exatamente o que fizemos até 2020, vamos ter muitos problemas , disse.

Retorno ao trabalho presencial

O dirigente também falou sobre as perspectivas de retorno ao trabalho presencial na Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul. Edson reforçou a importância, que vem sendo destacada pela direção do Sintrajufe/RS, da manutenção do trabalho remoto neste momento. Ao dizer que tem visto alguns colegas ansiosos pelo retorno, explicou que, antes, é preciso que as administrações apresentem um plano de retorno com segurança sanitária. Embora o sindicato siga defendendo a continuidade do trabalho remoto em um cenário no qual a pandemia ainda está sem controle, a entidade tem trabalhado junto às administraçõesnas justiças Eleitoral, Federal e do Trabalhopara que, havendo confirmação do retorno, isso seja feito da forma mais segura possí­vel para todos e todas.

A seguir, colegas fizeram suas intervenções, com comentários e sugestões sobre as diferentes pautas tratadas ao longo do Encontro. Destacou-se, nas falas, a necessidade de fazer a defesa da Justiça Eleitoral frente aos diversos ataques que a instituição vem sofrendo. Diversos colegas ressaltaram a importância de estratégias institucionais de comunicação para que se dialogue com a sociedade sobre esse tema.

Ao final, o diretor Zé Oliveira, em sua intervenção, criticou a linha adotada dentro dos órgãos, que vêm buscando moldar-se às contingências financeiras e polí­ticas. Para ele, essa postura permite que os ataques venham de forma cada vez mais contundente e, quando se quiser reagir, talvez não haja mais condições. Nesse sentido, chamou os e as colegas para também se posicionarem, participando, no dia 18 de agosto, da greve nacional dos servidores públicos contra a reforma administrativa e das mobilizações dessa data. Em Porto Alegre, haverá atos públicos às 11h, em frente ao HPS, e às 18h, na Esquina Democrática. Veja AQUI todas as informações sobre a greve.

Eleição de delegados e delegadas ao Encontro Nacional

Ao final da atividade, também foram escolhidos os e as representantes do Rio Grande do Sul no Encontro Nacional da Fenajufe de Servidores e Servidoras da Justiça Eleitoral, que acontece no dia 21 de agosto, por videoconferência. Além do diretor Edson Borowski, que participa pela Fenajufe, foram escolhidos por aclamação como delegados e delegadas do Rio Grande do Sul os seguintes colegas: Jacqueline Frison Frichembruder, de São Leopoldo; Carla Nunes Santos, de Viamão; Rogério Martino Otero ávila, de Pelotas; e José Carlos Gomes da Silva, de Tupanciretã.