Em entrevista coletiva após encontro com empresários na sede da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Rio de Janeiro, Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), antecipou a política salarial para um segundo mandato de Bolsonaro, caso seja eleito: desvincular o reajuste do salário mínimo e as aposentadorias da inflação do ano anterior. Esta medida levaria milhões de trabalhadores da ativa e aposentados a perderem ainda mais seu poder de compra.
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Conforme a reportagem da Folha de S. Paulo do dia 20, o governo irá apresentar, caso seja reeleito, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para quebrar o piso , ou seja, desvincular recursos que hoje são obrigatórios. Entre essas obrigações está justamente o reajuste do salário mínimo e dos benefícios previdenciários pela inflação.
Nos quatros anos de seu governo, Bolsonaro não concedeu reajuste real nos valores do salário mínimo e da aposentadoria, ao contrário da política de valorização que foi implementada nos governos de Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT), fica claro que Bolsonaro só corrigiu esses valores pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) porque foi obrigado pela lei.
Na proposta apresentada por Guedes, o piso considera a expectativa de inflação e é corrigido, no mínimo, pela meta de inflação , segundo a Folha de S. Paulo, abrindo-se a possibilidade de correções abaixo da inflação, gerando redução do valor real. Outra possibilidade, ainda, seria a de trocar o INPC pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como base de cálculo. O IPCA costuma ser bem mais baixo do que o INPC. Em 2021, por exemplo, o INPC foi de 10,16%; o IPCA, de 5,03%.
Lula critica teto de gastos e promete aumento real do salário mínimo
Adversário de Bolsonaro na disputa eleitoral que se encerra no dia 30 de outubro, Lula (PT) tem entre suas propostas a recuperação de um salário mínimo forte, com reajuste acima da inflação para aumentar o poder de compra das famílias . Em entrevista concedida ao podcast Flow nesta semana, Lula também falou sobre sua posição a respeito do teto de gastos: eu sou contra teto de gastos. Teto de gastos pra garantir o quê? Pra garantir que os banqueiros recebam o deles? E o povo pobre? Eu não posso melhorar a saúde por causa do teto de gastos, eu não posso melhorar a educação por causa do teto de gastos, não posso fazer creche por causa do teto de gastos ou seja, só vale a pena pagar o juros para os banqueiros? Eu não acho que a educação seja gasto, a educação é investimento. Cuidar da saúde das pessoas é investimento. Nós precisamos tratar as pessoas com um pouco mais de decência .