O Ministério Público do Trabalho (MPT) já registrou mais de mil denúncias de assédio eleitoral em todo o Brasil no contexto da disputa eleitoral deste ano. Empresários de todos os estados estão pressionando e ameaçando trabalhadores e trabalhadoras para que votem em Jair Bolsonaro (PL), sob pena até mesmo de demissão. Até mesmo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enviou áudio para uma empresa pedindo votos para Bolsonaro, áudio este exibido aos empregados.
Notícias Relacionadas
Já são 1027 denúncias recebidas pelo MPT até essa segunda-feira, 24. Em 2018, foram 212. A região Sudeste é a que mais concentra as denúncias, com 422 casos; na sequência, aparece a região Sul com 302 denúncias; Nordeste, 187; Centro-Oeste, 87; e Norte, 29.
Governador do Novo pede crédito para Bolsonaro
Um dos casos mais recentes envolve diretamente um político aliado de Bolsonaro. O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, do Partido Novo, enviou um áudio para um evento que está sob suspeita de promover assédio eleitoral. Trata-se de uma atividade promovida pela Lider Interiores, que tem 1400 funcionários e realizou um evento de conscientização política na última semana. Zema encaminhou um áudio a um dos diretores da empresa com críticas aos governos do PT e pedindo um crédito para o presidente Bolsonaro .
Também em MG, funcionários são obrigados a usar camiseta com alusão a Bolsonaro
Nesta semana, outro caso chamou a atenção no interior de Minas Gerais. No frigorífico Serradão, que fica na cidade de Betim, na Grande Belo Horizonte, trabalhadores foram obrigados a usar blusa amarela com slogan e número do candidato Jair Bolsonaro (PL), ouviram ataques contra Lula (PT) e que patrões prometeram um pernil para cada um caso o atual presidente seja reeleito , como conta reportagem do portal G1.
Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não, rua
No Oeste da Bahia, um empresário do agronegócio enviou aos trabalhadores e trabalhadoras um áudio determinando que filmassem o voto em Bolsonaro ou seriam demitidos. No áudio, o ruralista Adelar Eloi Lutz é claro: Tinham cinco [funcionários que não concordavam], dois voltaram atrás. Das outras 10 que estavam ajudando na rua, todos tiveram que provar, filmaram na eleições. Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não, rua . Ele narra ainda que duas trabalhadoras que não aceitaram fazer isso no primeiro turno e foram demitidas o teriam procurado para informar que fariam no segundo: Filmaram e provaram que votaram. Duas não queriam e estão para fora, hoje já estão falando ˜eu vou votar no Bolsonaro agora™. Então vota, primeiro prova que nós contratamos de novo .
Assédio eleitoral é crime! Centrais sindicais disponibilizam formulário online para denúncias
Frente a esse cenário, nove centrais sindicais produziram e estão divulgando um folheto sobre o tema, explicando que a prática é um crime previsto na legislação brasileira e dando informações sobre como e onde os trabalhadores e as trabalhadoras podem denunciar. A orientação principal é que esses casos devem ser levados aos sindicatos que representam o trabalhador ou a trabalhadora, de forma que a entidade possa atuar no combate ao problema.
Veja abaixo ou faça AQUI o download do panfleto.
boletim-coacao-eleitoral-e-crime-entidades-web-1As centrais sindicais também disponibilizaram um formulário online para denunciar novos casos. O texto que introduz o formulário adverte: Com a definição do 2º turno das eleições entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), no próximo dia 30, alguns patrões aumentaram a pressão sobre os trabalhadores e trabalhadoras para que votem em seu candidato. Alguns empresários ameaçam com demissões, outros prometem prêmios em dinheiro. Isso é crime! Denuncie . Não é necessário identificar-se para realizar a denúncia.
Acesse AQUI o formulário.