SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DIREITOS TRABALHISTAS

CUT/RS cobra ação do MPT e MTE sobre denúncias de escalas abusivas na rede Zaffari

Nesta sexta-feira, 13, a CUT/RS entrou com uma ação formal exigindo providências imediatas da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul (SRTE/RS), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para investigar e combater as práticas de trabalho abusivas denunciadas pelos trabalhadores da rede de supermercados Zaffari. A empresa é acusada de submeter os trabalhadores à escala de trabalho 10×1 e a outras condições de trabalho degradantes.

A ação da CUT/RS, endereçada tanto ao MTE quanto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), reforça o compromisso da central com a defesa do trabalho digno. “A CUT tem um compromisso com a luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salário e não se calará frente ao trato do trabalhador e trabalhadora como uma mercadoria. Vamos denunciar todos os abusos cometidos por maus empresários que envergonham o povo gaúcho”, afirma o presidente da entidade, Amarildo Cenci.

Além disso, a CUT/RS condena a existência de acordos coletivos que permitam regimes de trabalho abusivos. A central também solicitou uma agenda com a SRTE/RS para tratar da luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários e pelo fim da escala 6×1.

Entenda

O caso veio a tona após reportagem publicada na última semana pelo Brasil de Fato RS, que entrevistou funcionários e ex-funcionárias da empresa. Há relatos que detalham, por exemplo, a escala de trabalho: “No começo, quando comecei no setor de hortifruti, eles puxaram o dez por um. Passou dois, três meses e ficou mais seguido. Às vezes é nove, às vezes é oito, às vezes é dez. Mas quando a gente é contratado eles falam que é seis por um”, diz um dos entrevistados. Ele diz, ainda, que nunca há folgas aos sábados e que se chega a trabalhar três domingos seguidos – o que contraria a legislação.

Também conforme os relatos colhidos pela reportagem, nas sextas, sábados e domingos as horas extras são obrigatórias, embora na contratação seja dito que são opcionais. Caso haja recusa, é feito desconto no banco de horas. E esse banco é utilizado para fazer compensação de horas extras: “Tu pode trabalhar e ficar com 20 horas sobrando e eles não vão te pagar. Mas se tu ficar com 2 horas faltando eles vão te cobrar. Antes de fechar a folha, eles começam a te mandar embora mais cedo. Fiquei três dias indo embora mais cedo pra não ganhar as horas extras”, denuncia um funcionário.

Ao mesmo tempo, muitas vezes atestados médicos não são aceitos e as horas, descontadas: “Teve um dia que eu coloquei um atestado por causa da minha infecção na garganta, que eu fiquei uma semana trabalhando direto, mas tive muito que ir ao médico. Aí, mesmo com atestado, no meu ponto tava como ‘falta injustificada’. Eu perguntei no RH e eles simplesmente falaram que não foi aceito, que não era justificativa. Nesse mês, fui descontada R$139 por isso”, diz uma trabalhadora.

Além disso, para receber auxílio alimentação, é necessário trabalhar nos domingos e feriados. E mais: o pagamento é feito em um cartão Zaffari, aceito em poucos lugares além dos supermercados da própria empresa. Também há denúncias de assédio que, segundo os entrevistados, não são levadas adiante pelos supervisores e pela empresa.

A Companhia Zaffari é a 12ª maior rede de hipermercados do Brasil e, em 2023, teve faturamento de R$ 7,6 bilhões. Conforme a reportagem, o salário líquido médio dos trabalhadores fica em torno de R$1,2 mil.

Com informações da CUT/RS e do Brasil de Fato RS