SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Comunidade escolar, prefeituras: todos rejeitam calendário de Eduardo Leite, que propõe volta às aulas quando a pandemia cresce no estado

O Cpers Sindicato e a Federação das Associações dos Municí­pios do Rio Grande do Sul (Famurs) realizaram consultas sobre a sugestão de cronograma do governo de Eduardo Leite (PSDB), de volta das aulas presenciais em todos os ní­veis de ensino, de forma escalonada, começando pela educação infantil, em 31 de agosto. Na comunidade escolar, a rejeição é de 86% e, nas prefeituras, de 93,7%.

O que pensa a comunidade escolar

A consulta online do Cpers, chamada de Educação e Pandemia no RS , foi respondida 1,7 mil pessoas, entre mães, pais, educadores e educadoras e equipes diretivas, todos contrários à retomada das atividades presenciais sem vacina contra o novo coronaví­rus. Os dados preliminares foram consolidados pelo Dieese. De acordo com o Cpers, os resultados revelam a distância entre o discurso do estado e a realidade das escolas da rede no que tange à capacidade de retomada das aulas.

À pergunta Você acha possí­vel retomar as aulas antes do advento e disponibilização de uma vacina eficaz contra a Covid-19? , 86% responderam não . Apenas 6% responderam que é possí­vel; os demais afirmaram não saber. Entre pais e mães, 84% afirmaram que não mandariam os filhos à escola antes da disponibilização de uma vacina e 77% acreditam que a educação infantil deve ser a última modalidade a retomar as atividades presenciais.

Prefeituras contra o retorno

O resultado da consulta da Famurs foi divulgado na manhã desta sexta-feira, 17, com resposta de 367 dos 497 prefeitos e prefeitas do estado. O resultado é que 93,73% são contrários ao cronograma proposto pelo governo de Leite (PSDB), que prevê a retomada pela educação infantil, em 31 de agosto, e retorno total, em todos os ní­veis de educação, no ensino público e privado, até 8 de outubro. Nesse caso, 38,66% entendem que é preciso aguardar uma vacina e 35,17%, a redução dos casos. Entre diversos problemas apontados para a volta às aulas presenciais, está desde equipamentos de proteção, elevado número de casos e transporte até o risco para alunos e profissionais, este o que mais preocupa, 94,3%.

Desde o iní­cio da pandemia, o governo Bolsonaro busca reforçar que tem é preciso escolher entre a proteção à vida e a economia. Empresários utilizam o desemprego e a situação precária das famí­lias para forçar um retorno, ignorando as mortes, que já passam de 107 mil no Brasil e continuam em um crescendo, caso do Rio Grande do Sul.

Se, para muitas pessoas, a condição para voltar é o retorno às aulas, porque isso mostraria que a situação está controlada (hipoteticamente, ninguém quereria colocar a vida de crianças em risco), o governo Leite mostra o contrário. É preciso mandar as crianças para escola para que mães e pais trabalhadores voltem ao trabalho, seja em que circunstância for.

Ao falar sobre essa questão, em relação ao Distrito Federal, mas muito adequado ao que está ocorrendo no RS, o médico infectologista Alexandre Motta afirmou que a pressão econômica e o ano letivo não podem estar acima das vidas. O mercado quer a volta das aulas porque visam à economia, pensando que a pessoa pode voltar a trabalhar e colocar a responsabilidade da segurança e da saúde de seus filhos na escola, o que não é verdade. Você mandaria seu filho para escola sabendo que lá pode ter um tiroteio ou pode pegar fogo a qualquer momento? , questiona.

Em conversa com Sintrajufe/RS para esta matéria, a presidente do Cpers Sindicato, Helenir Schürer, afirma que a entidade recebeu com incredulidade a proposta do governo, em um momento de curva ascendente da pandemia. Segundo ela, as escolas não têm estrutura suficiente, não só fí­sica quanto de recursos humanos. Na avaliação da dirigente, seria necessária a contratação de 6 mil funcionários para as escolas estaduais, a fim de garantir a higienização e a desinfecção adequadas, e o governo não sinaliza com contratações. Helenir afirma que a proposta é prematura, é irresponsável e estamos fazendo e faremos todos os momentos para defender a vida de nossos alunos e da comunidade escolar. Escolas fechadas, vidas preservadas.

Sintrajufe/RS, com informações de Cpers Sindicato, Zero Hora e Sinpro/DF.