SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

JORNADA DE TRABALHO

Comissão da Câmara dos Deputados solicita investigação ao MP após denúncia sobre escala 10×1 e outras condições degradantes vividas por trabalhadores do Zaffari

Escala de trabalho 10×1, jornada de mais de 10 horas, pagamentos em cartão da própria empresa, assédio, atestados não aceitos… reportagem publicada no Brasil de Fato RS trouxe, no início do mês, uma longa lista que aponta para condições degradantes vividas por trabalhadores e trabalhadoras contratados pela Companhia Zaffari. Agora, a Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), oficiou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para que sejam tomadas providências.

A Companhia Zaffari é a 12ª maior rede de hipermercados do Brasil e, em 2023, teve faturamento de R$ 7,6 bilhões. Conforme a reportagem, o salário líquido médio dos trabalhadores fica em torno de R$1,2 mil.

O Brasil de Fato entrevistou funcionários e ex-funcionárias da empresa. Há relatos que detalham, por exemplo, a escala de trabalho: “No começo, quando comecei no setor de hortifruti, eles puxaram o dez por um. Passou dois, três meses e ficou mais seguido. Às vezes é nove, às vezes é oito, às vezes é dez. Mas quando a gente é contratado eles falam que é seis por um”, diz um dos entrevistados. Ele diz, ainda, que nunca há folgas aos sábados e que se chega a trabalhar três domingos seguidos – o que contraria a legislação.

Também conforme os relatos colhidos pela reportagem, nas sextas, sábados e domingos as horas extras são obrigatórias, embora na contratação seja dito que são opcionais. Caso haja recusa, é feito desconto no banco de horas. E esse banco é utilizado para fazer compensação de horas extras: “Tu pode trabalhar e ficar com 20 horas sobrando e eles não vão te pagar. Mas se tu ficar com 2 horas faltando eles vão te cobrar. Antes de fechar a folha, eles começam a te mandar embora mais cedo. Fiquei três dias indo embora mais cedo pra não ganhar as horas extras”, denuncia um funcionário.

Ao mesmo tempo, muitas vezes atestados médicos não são aceitos e as horas, descontadas: “Teve um dia que eu coloquei um atestado por causa da minha infecção na garganta, que eu fiquei uma semana trabalhando direto, mas tive muito que ir ao médico. Aí, mesmo com atestado, no meu ponto tava como ‘falta injustificada’. Eu perguntei no RH e eles simplesmente falaram que não foi aceito, que não era justificativa. Nesse mês, fui descontada R$139 por isso”, diz uma trabalhadora.

Além disso, para receber auxílio alimentação, é necessário trabalhar nos domingos e feriados. E mais: o pagamento é feito em um cartão Zaffari, aceito em poucos lugares além dos supermercados da própria empresa.

Também há denúncias de assédio que, segundo os entrevistados, não são levadas adiante pelos supervisores e pela empresa.

Leia AQUI a matéria completa do Brasil de Fato RS.

Com informações do Brasil de Fato RS

Foto: Mateus Raugust/PMPA