No Brasil, comanda um governo disposto a desmontar os serviços públicos através da PEC 32. De Dubai, promete reajuste salarial a todos os servidores. Bolsonaro é assim, faz um permanente jogo de confusão enquanto segue seu rumo. Durante a atual passagem no país árabe mencionou a possibilidade de atender em parte os servidores se a PEC dos Precatórios for aprovada no Senado. Conforme matéria do jornal Folha de S. Paulo, a fala se referiria a possíveis reajustes salariais que poderiam ser propostos em 2022, ano eleitoral. Depois, ainda em Dubai, reforçou: A inflação chegou a dois dígitos. Conversei com o [ministro da Economia] Paulo Guedes, e em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles [servidores] merecem, mas é o que nós podemos dar , disse.
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Ainda segundo a Folha, a prioridade de Bolsonaro seria oferecer reajustes aos policiais federais, policiais rodoviários federais e policiais penais, mas, em sua fala dessa segunda-feira, 15, afirmou que o reajuste seria para todos os servidores federais. A proposta de emenda libera cerca de R$ 90 bilhões do orçamento, por meio de artifícios como a mudança na forma como o teto de gastos é calculado, além de permitir o parcelamento do pagamento de precatórios, que são dívidas decorrentes de sentenças judiciais. A mudança aliviaria o orçamento do ano que vem e deixaria em dificuldades o próximo governo, com acúmulo de dívidas para pagar.
“Reajuste” mesmo, ganharão os deputados com R$ 16 bi em emendas
Ao mesmo tempo, os R$ 90 bilhões já têm diversos destinos prometidos por Bolsonaro e Paulo Guedes. Parte dos recursos deverá ser utilizada para pagar um auxílio aos caminhoneiros e, ainda, para pagar mais emendas parlamentares (previsão de R$ 16 bilhões), além de bancar o Auxílio Brasil. Os acenos, portanto, devem ser vistos com desconfiança, já que claramente a chantagem corre solta em Brasília: o governo tenta aprovar a PEC dos Precatórios a qualquer custo, e fará o mesmo logo na sequência com a reforma administrativa.
Em junho, o Sintrajufe/RS já noticiara uma possível encomenda de Bolsonaro ao Ministério da Economia de um estudo sobre a correção de 5% no salários dos servidores públicos. Esse índice, porém, fica muito longe de repor as perdas que os servidores e as servidoras têm tido, por exemplo, com a reforma da Previdência e com a falta de atualização da tabela do Imposto de Renda, além do aumento do custo de vida.

Inflação dispara, governo de reajuste zero
Enquanto isso, os preços não param de subir. A gasolina já chega a R$ 8 em alguns lugares, e os alimentos estão cada vez mais caros. Em outubro, a inflação oficial do país acelerou para 1,25%, a maior variação para um mês de outubro desde 2002. Com o resultado, a inflação acumula alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,25%). Trata-se do maior índice para um intervalo de 1 ano desde janeiro de 2016 (10,71%). Para o próximo ano, mais uma vez a previsão se aproxima de dois dígitos. Isso para não falarmos do aumento acumulado de mais de 70% da gasolina nos últimos 12 meses. Os compromissos de Bolsonaro com o ajuste fiscal em benefício de sua base de apoio concentrada dos bancos, agronegócio e grandes empresários combinam os ataques aos serviços públicos com a PEC 32 (reforma administrativa) e um amargo congelamento salarial. O Sintrajufe/RS, a partir da Fenajufe, acompanha de perto as informações sobre esses temas.
