Em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula (PT) na Presidência, manifestantes golpistas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. A ação vinha sendo gestada em meio aos acampamentos em frente a quartéis do Exército que visavam impedir a posse de Lula. Politicamente, eles eram preparados pelos diversos discursos de Bolsonaro que questionavam as urnas eletrônicas. A ação golpista resultou em diversos presos e investigações que ainda prosseguem um ano após os fatos. Porém, os altos oficiais militares que de alguma forma colaboraram ou facilitaram aqueles eventos continuam sem punição.
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Mais de duas mil pessoas foram presas nas investigações que sucederam a tentativa de golpe. Apenas 66 continuam presas. Mas o Exército segue passando incólume, embora o papel dos militaresespecialmente os de alta patenteainda esteja pouco esclarecido. O que ficou claro nesses 12 meses é que a invasão dos prédios não encontrou grande resistência, seja por parte da Polícia Militar do Distrito Federal, seja no que se refere às Forças Armadas. No mínimo, a conivência de pelo menos parte dos militares com os acampamentos golpistas é algo flagrante.

Nesta segunda-feira, 8, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre a situação dos militares. Conforme a matéria, oficiais da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal foram denunciados e presos sob acusação de conivência com os ataques , mas altos oficiais das Forças Armadas até o momento estão livres de responsabilização, apesar de vozes influentes dos Três Poderes considerarem que parte deles foi no mínimo omissa .
A Folha aponta que, seja nas investigações da Justiça Comum, do Ministério Público ou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), tem havido dificuldades para chegar aos generais de quatro estrelas ligados a Bolsonaro , e diz que o relatório final da CPI representou um alívio para a cúpula do Exército . Ainda segundo a Folha, o comandante do Exército, Tomás Paiva, agiu diretamente para garantir a estabilidade na caserna , por meio de reuniões com o ministro do STF Alexandre de Moraes, com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, com o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (UB-BA), entre outros, sempre com o apoio do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro .
Na Justiça Militar, apenas um fardado foi condenado (a apenas um mês e 18 dias de detenção), por publicar um vídeo ofendendo seus superiores hierárquicos. Há ainda dois outros investigados, um por uma publicação em uma rede social, o outro por suspeita de dificultar a prisão de manifestantes golpistas dentro do Palácio do Planalto.
Atos nesta segunda-feira marcam, em todo o Brasil; em Porto Alegre será no Sindicato dos Bancários, às 17h
Nesta segunda-feira, 8, quando se completa um ano da invasão dos prédios dos três Poderes em Brasília, atos em diversas cidades fazem a defesa da democracia e exigem a punição de todos os envolvidos. Em Brasília, haverá atos políticos no Congresso e no STF, com a presença de ministros, parlamentares, governadores e do presidente Lula. Em Porto Alegre, o Sindicato dos Bancários (Rua General Câmara, 424) irá receber sindicatos, centrais sindicais, movimentos populares, partidos e representantes de instituições para um Ato pela Democracia . A atividade acontece das 17h às 19h, e o Sintrajufe/RS estará presente.