SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Centrais sindicais e oposição defendem manutenção do auxí­lio emergencial; fim da polí­tica pode gerar calamidade social

Centrais sindicais e oposição defendem manutenção do auxí­lio emergencial; fim da polí­tica pode gerar calamidade social

A oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), no Congresso e nos movimentos e organizações, busca uma forma de evitar a calamidade social que será produzida no Brasil caso o governo encerre, como pretende, os repasses do auxí­lio emergencial. Especialistas alertam que o paí­s pode viver a maior calamidade de sua história caso os planos de Bolsonaro e Paulo Guedes de terminar com o auxí­lio se confirmem.

Segundo o último boletim Dataprev, 68,2 milhões de pessoas receberam o auxí­lio emergencial ao longo do programa, que durou entre abril e dezembro de 2020, data de vencimento do decreto de estado de calamidade pública. Do total de beneficiários, 38.233.342 são informais, Micro Empreendedor Social (MEI), 10.492.196 são pessoas ou famí­lias cadastradas no Cadastro único para Programas Sociais (Cadúnico), que apesar da situação de vulnerabilidade não atendem aos critérios do programa Bolsa Famí­lia e outros 19.471.039 são do programa Bolsa Famí­lia.

Aumento da pobreza e da miséria

Mais de 120 milhões de brasileiros e brasileiras foram diretamente impactados, mas a grande maioria ficará, agora, completamente desassistida. Isso em um momento em que o governo reforça o ataque aos serviços públicos, dificultando o acesso da população a direitos como saúde e educação. Também, em um cenário no qual o desemprego bate recordes seguidos e a inflação dispara, especialmente para os mais pobresa inflação oficial dos alimentos acumulada em 2020 superou 15%. A variação de preços de produtos e serviços para famí­lias com renda entre um e 2,5 salários mí­nimos acumulou alta de 6,3% em 2020, conforme dados divulgados nesta quinta-feira, 7, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Destes 120 milhões de brasileiros e brasileiras, só seguirão recebendo suporte do governo os beneficiários e beneficiárias do Bolsa Famí­lia. Receberão, ainda assim, um valor bem menorcontra os R$ 600 da primeira fase do auxí­lio emergencial, conquistado pelos movimentos sociais e pela oposição no Congresso, o valor médio do Bolsa Famí­lia, após a reestruturação que o governo pretende promover, deve ficar em torno de R$ 200, conforme matéria publicada nesta quinta-feira, 7, no jornal O Estado de S. Paulo. Os recursos disponibilizados pelo governo para o auxí­lio emergencial são muito maiores do que os do Bolsa Famí­lia: enquanto o primeiro custou R$ 51,5 bilhões por mês quando era de R$ 600 por beneficiário e cerca de R$ 25 bilhões com R$ 300 para cada beneficiário, o segundo tem orçamento previsto de R$ 34,8 bilhões para todo o ano de 2021. Uma grandeza de investimento, portanto, incomparável.

Redução da massa salarial e da qualidade de vida e recessão econômica

Conforme reportagem da revista Exame, publicada na terça-feira, 5, o fim do auxí­lio emergencial deve reduzir a massa salarial brasileira em mais de R$ 60 bilhões. Isso gera um grave efeito imediato na qualidade de vida das famí­lias brasileiras. Mas o prejuí­zo vai além: a economia sentirá fortemente o impacto da redução do consumo, o que pode, em um efeito cascata, resultar também no aumento do desempregoa taxa oficial, que já é de mais de 14%, também deverá aumentar por conta do retorno de muitos beneficiários do auxí­lio emergencial à procura por vagas.

Mesmo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) admitiu, em documento divulgado pela entidade, a importância do auxí­lio emergencial para evitar uma drástica redução da massa salarial no paí­s:

Em entrevista ao site da Central única dos Trabalhadores (CUT), o professor de economia da Unicamp Marcelo Manzano demonstra preocupação com o cenário que se avizinha: O paí­s já vinha patinando nos últimos três anos na economia, a pandemia ampliou e deprimiu ainda mais. Com as medidas restritivas que o governo está preparando para as próximas semanas ou meses, com a taxa de desemprego, que só vai crescer, e o fim do auxí­lio emergencial, a pobreza vai aumentar rapidamente com proporções jamais vistas .

Emprego e renda

As centrais sindicais, neste momento, articulam-se com os parlamentares e partidos de oposição no Congresso para tentar garantir, via legislativo, a manutenção do auxí­lio emergencial ou a construção urgente e imediata de polí­ticas sociais alternativas que impeçam o agravamento do cenário. Nesta terça, 5, na primeira reunião de 2021 do Fórum das Centrais Sindicais, as entidades apontaram como um dos eixos de luta para este momento a defesa da prorrogação do auxí­lio emergencial, a construção de polí­ticas de apoio aos trabalhadores com contrato suspenso ou redução de jornada e outras ações de estí­mulo à economia com geração de emprego e renda para a população.