SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

LUTA ANTIRRACISTA

25 de julho: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana-Caribenha e de Tereza de Benguela reforça luta contra o racismo e violência de gênero e raça

Em 1992, um grupo de mulheres negras se reuniram na República Dominicana com o objetivo de discutirem formas de combate ao racismo, à opressão e discriminação de gênero e raça, heranças infelizes do escravagismo. No encontro definiu-se o dia 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. Desde então, a data ficou conhecida como dia de luta das mulheres negras, sua condição e resistência, trazendo reflexão para a necessidade de igualdade de direitos, gênero e de oportunidades.

No Brasil, a data só passou a ser respeitada em 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff sancionou a lei 12.987, conhecida como Dia de Tereza de Benguela, em homenagem ao sí­mbolo de resistência do povo negro. Mesmo que haja quem diga que no paí­s não existe racismo, a discriminação racial se evidencia através de números e estatí­sticas.

Sendo a maior parcela da população composta por homens e mulheres negras, elas ainda são exploradas, invisibilizadas e negligenciadas socialmente. Dados comprovam que essa parcela da população é a que mais sofre com as desigualdades.

Nesse sentido, a mulher negra figura como protagonista dessa perversa realidade social. É dela as piores colocações no ranking das desigualdades. São elas também que despontam no número de casos de violência doméstica e sexual, e as que mais morrem por feminicí­dio no paí­s. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (ABSP), 62% das ví­timas deste tipo de crime no Brasil são de mulheres negras.

Já dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgados na pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça de 2022″ comprovam que elas têm as piores condições de renda. Apesar de possuí­rem maior ní­vel de escolaridade do que os homens negros (7,4 anos de estudo contra 6,3, em média), as negras têm o maior í­ndice de desemprego da sociedade (cerca de 12,2%), atrás das mulheres brancas (9,2%), dos homens negros (6,4%) e dos homens brancos (5,3%).

Quando o assunto é saúde pública, elas também ficam atrás. Poucas têm acesso digno e ainda encabeçam o topo da lista como maiores ví­timas da violência e mortes obstetrí­cia. Em caso de aborto e havendo denúncias pelo Sistema único de Saúde (SUS), essas mulheres são criminalizadas e punidas.

Todos esses dados escancaram o quão distante estão as mulheres negras da igualdade, de direitos, racial ou de oportunidades. Mesmo que a data promova o debate temático no dia a dia, o Brasil carece de leis que oportunizem uma vida digna e de respeito às suas mulheres da raça negra.

E mesmo que tenham aprendido a gritar por seus direitos desde o século XVIII, elas ainda lutam por representatividade, direito de ocupar espaços de fala e poder, e principalmente, o direito de ser e re-existir.

Aliás, resistir, construir, lutar, esperançar e avançar são verbos que as mulheres negras carregam dentro de si, historicamente. Desde a luta contra a escravidão aos tempos atuais, elas fazem diferença no mundo.

A data também reforça o orgulho de cada uma delas por não terem vergonha de mostrar a cor da pele: na defesa de seus direitos, de seus corpos ou de sua ancestralidade.

Que nunca lhes seja tirada a força de lutar. E que o paí­s um dia possa avançar sem definição de raça ou de gênero para uma sociedade justa e igualitária sem ser definida por uma composição baseada no tom de pele.

Tereza de Benguela

Mulher quilombola que se tornou lí­der, rainha e chefe de estado, após comandar o quilombo Quiterê, localizado entre a fronteira de Mato Grosso com a Bolí­via no século XVIII. Tereza criou um sistema de Parlamento onde comandou a estrutura polí­tica, econômica e administrativa do quilombo.

Por suas mãos o quilombo conquistou independência, desenvolveu a agricultura de algodão, produzindo tecidos para comercialização. O quilombo Quiterê foi destruí­do depois de 20 anos, seus habitantes mortos e Benguela presa e posteriormente morta pelo desgosto. Tereza de Benguela ficou reconhecida por sua visão vanguardista e estratégica.

Fonte: Fenajufe