Nesta semana, duas universidades de São Paulo foram pichadas com frases e símbolos que demonstram a urgência de combater a intolerância, o ódio e o preconceito no Brasil. Palavras de ordem racistas e suásticas nazistas foram vistas na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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Suásticas foram pichadas pelo menos oito vezes nas paredes da vivência estudantil do Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP, ao lado da sede política do Diretório. Ocorreu o mesmo na Faculdade de Direito da mesma universidade. Já na Unifesp, uma suástica foi desenhada ao lado de ameaças a um estudante negro e LGBT. Na quinta-feira, 1º, foi a vez de o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), moradia para estudantes da USP, amanhecer com pichações. Dessa vez, uma frase: Volta P/ áfrica . Conforme os estudantes, a maioria dos moradores do Crusp são pessoas negras.
Na semana passada, pichações com apologia à ditadura militar foram encontradas nos prédios do TRE/RJ e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ). Na manhã de sexta-feira, 25, foram notadas, nos prédios do TRE e da OAB, inscrições como AI-5 já , fazendo referência ao ato institucional da ditadura que, em 1968, agravou a perseguição a opositores, cassando mandatos de parlamentares, suspendendo direitos políticos e radicalizando a repressão que teve como pontos-chave a tortura e o assassinato cometidos pelo Estado por razões políticas.
As ações racistas, nazistas e de defesa da ditadura militar se conectam em um ambiente de intolerância e ódio, não é por acaso que se sobressaem no mesmo momento em que movimentos criminosos acampam em frente a quartéis pedindo um golpe militar, assistidos pela tolerância das forças de repressão do Estado. O racismo é uma das faces desse processo, estando também presente sob diversos ângulos no Estado e nos serviços públicos, inclusive no Judiciário.
Sintrajufe/RS organiza Núcleo de Negras e Negros
Esse é um dos motivos pelos quais o Sintrajufe/RS está formando um novo núcleo do sindicato, o Núcleo de Negras e Negros. A criação do núcleo foi uma deliberação de Congresso Estadual da categoria e deve se tornar um importante instrumento para o fortalecimento da luta antirracista e outras pautas específicas. Embora essas pautas passem também pelo conjunto da atuação da entidade, a criação de um núcleo amplia o espaço de negras e negros na construção dessas lutas, ajudando na auto-organização e possibilitando uma melhor atuação do sindicato.
O racismo estrutural e institucional precisa ser combatido pela sociedade e pelo movimento sindical. A distorção no número de negros e negras no serviço público em relação a seu peso na população, e a sua concentração nos serviços terceirizados, por exemplo, é a prova de que há muito a ser feito. Não são poucos os relatos de casos de racismo dentro do próprio Poder Judiciário.
A próxima reunião para formação do Núcleo ocorre na segunda-feira, 5, às 19h30min, em formato híbrido (presencial e virtual). Veja AQUI todas as informações.