SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

COVID-19

Mudanças no bandeiramento ocorrem apesar das taxas elevadas de mortalidade; Sintrajufe defende manutenção do trabalho remoto no Judiciário Federal e no MPU no RS

No dia 27 de abril, o governo do estado modificou a cor da bandeira no distanciamento controlado de preta para vermelha. Isso pode sugerir um recuo nos indicadores da pandemia do coronavírus, mas ocorre em um patamar ainda muito elevado, superior ao do início da onda atual. A situação ainda é bastante preocupante e, por isso, o Sintrajufe/RS defende a manutenção das medidas de controle, como trabalho remoto e suspensão das atividades presenciais nas unidades do Judiciário Federal e do Ministério Público da União no RS.

Na prática, com o sistema de cogestão encerrado pelo governo estadual no mesmo decreto que modificou a bandeira do distanciamento controlado, as medidas da bandeira vermelha já estavam sendo adotadas.

Dados do governo do estado, do dia 11 de maio, mostram preocupantes 8.908 casos por 100 mil habitantes e taxas elevadas de mortalidade em todos os municípios com mais de 100 mil habitantes. Nada há para comemorarmos.

Há novas cepas circulando. A comunidade científica teme que novas variantes, como as que atingem atualmente a Índia, impactem de forma severa os indicadores.

O médico da assessoria de saúde do Sintrajufe/RS Geraldo Azevedo avalia que faltam, muito provavelmente, poucos meses para retornarmos às atividades presenciais de forma mais segura. “Isso se não houver novas surpresas ruins sobre a vacinação”, alerta, pois a entrega de fornecimento de vacina por parte do Ministério da Saúde tem ficado aquém do prometido. Em várias cidades do país, faltam vacinas até mesmo para a segunda dose.

Portanto, Azevedo defende que se mantenha a suspensão do trabalho presencial no que for possível: “precisamos desse tempo. Estamos indo em direção a 500 mil mortes no país. Tudo que pudermos fazer para conter essa tragédia, devemos fazer. É nossa responsabilidade histórica”.

Contenção da circulação é uma das medidas mais eficazes

A necessidade de se reduzir a circulação do vírus segue sendo premissa incontornável para proteção da população, incluindo servidoras e servidores do Judiciário, magistradas e magistrados, trabalhadores e trabalhadoras terceirizados e usuários em geral. Tudo que for possível ser mantido em funcionamento remoto deverá assim ser definido. De acordo com a assessoria de saúde do sindicato, a expectativa é que a imunidade coletiva seja atingida somente no final do ano. A proporção necessária de população vacinada para que isso ocorra é estimada em 70%.

Essa também é a opinião do médico, professor e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina. Em entrevista ao Sintrajufe/RS, ele afirmou que a reabertura de escolas, comércio e outras atividades presenciais neste momento implica grandes riscos, pois inevitavelmente provocarão aglomerações. “eu acho que estamos tomando uma decisão fora do tempo que irá permitir a ocorrência de uma nova onda, ou recrudescimento da onda atual, em duas semanas”.

Vecina também aponta que o retorno deve ser controlado, por áreas, somente em ambientes com ventilação de ar cruzada, para evitar que exploda uma nova onda de Covid-19 antes de que, no mínimo, 40% a 50% por centro da população esteja vacinada, o que deve ocorrer em setembro. Do contrário, afirma “não vamos reduzir o número de casos. Com isso, já pode haver uma substancial queda de casos. “Não dá para relaxar as medidas de isolamento social, sempre que relaxarmos, teremos como consequência mais casos e mais óbitos”, afirma.

Antes da preocupação com o retorno, Vecina aponta que outras medidas deveriam estar nas prioridades dos governantes, pois têm consequências econômicas. “O que tem que ter é auxílio emergencial, cobertura de auxílio e crédito para o pequeno comércio, que é o maior empregador” e proteger quem tem fome, avalia.

Profissionais da área de saúde que estão pesquisando e atuando no combate à Covid-19 são de opinião de quem pode se manter em trabalho remoto deve fazê-lo, para que menos pessoas fiquem circulando. “Nós, do Judiciário e do MPU, temos condições de manter o trabalho remoto por mais algum tempo, até que a vacinação comece a dar segurança e redução de mortes”, afirma a diretora do Sintrajufe/RS Mara Weber.

A dirigente destaca que não se pode voltar ao presencial sob a justificativa de que o número de mortes estacionou, porque isso ocorreu em um patamar de óbitos ainda muito alto, e a transmissibilidade ainda está alta. Mantendo o trabalho remoto, o Judiciário e o MPU estarão colaborando com o retorno seguro e mais estável”. Mara lembra que o trabalho remoto compulsório acarreta várias dificuldades, no que diz respeito a conciliar as atividades laborais com a rotina da casa, o próprio espaço da casa, “mas mesmo assim é uma segurança que a gente busca para nós, no sentido de cuidar da nossa categoria, mas cuidar dos outras e outras também”.

Sintrajufe/RS, com informações de G1 e Sul21