O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu, na manhã desta terça-feira, 18, prazo de 48 horas para que o Ministério da Defesa apresente o relatório que resultou da fiscalização que as Forças Armadas realizaram do primeiro turno das eleições. A fiscalização foi realizada após pressão de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que vem colocando em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral. Agora, porém, o próprio Bolsonaro vem impedindo a divulgação, isso porque a auditoria não teria encontrado problemas nas urnas.
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O prazo de 48 horas foi determinado pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Morae, após pedido do partido Rede Sustentabilidade. Em sua decisão, Moraes diz que a auditoria parece demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe do Executivo, podendo caracterizar, em tese, desvio de finalidade e abuso de poder . O presidente do TSE determinou que o Ministério da Defesa esclareça qual foi a fonte dos recursos usados. Além disso, pediu que Bolsonaro apresente defesa dentro de cinco dias. Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) também cobrou do Ministério da Defesa a divulgação do relatório.
Antes das eleições, as Forças Armadas garantiram que divulgariam os resultados de sua fiscalização em até quatro horas após o encerramento da votação. Já passaram-se, no entanto, mais de duas semanas. O teste das Forças Armadas avaliou uma amostra de ao menos 385 boletins de urna e realizou ainda um projeto-piloto com uso da biometria para testar 58 aparelhos.
Bolsonaro impede divulgação
No dia 11, o Sintrajufe/RS repercutiu informação do jornal O Globo de que Bolsonaro teve acesso aos resultados. Conforme a jornalista Malu Gaspar, de O Globo, o teste não encontrou nenhuma irregularidade nas eleições durante o primeiro turno . Ainda segundo a jornalista, as conclusões foram descritas pelo ministro da Defesa, Paulo César Nogueira, a Bolsonaro, que não autorizou a divulgação dos resultados e disse que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto . A matéria ainda aponta que ao ser informado das conclusões do trabalho, o presidente determinou que fosse feito um ˜relatório completo™, incluindo o segundo turno, porque o fato de não terem sido encontradas fraudes no primeiro turno não significava que não haveria problemas na segunda etapa. Sem o tal relatório completo, decretou Bolsonaro, não deveria haver nenhuma divulgação de conclusões .
Jornalista informa que Forças Armadas vão alegar não ter feito auditoria
Na tarde desta terça, a jornalista Bela Megale, colunista de O Globo, noticiou que as Forças Armadas dirão não ter feito auditoria em urnas e que se limitaram a fiscalizações previstas pelo TSE . Conforme a jornalista, a alegação será de que o trabalho realizado pelas Forças Armadas se limitou, apenas, à ˜fiscalização dos sistemas eletrônicos de votação™, e dentro daquilo que já está previsto nas normas estabelecidas pelo TSE . Esse será, conforme Megale, o argumento para que não sejam apresentados os resultados que já foram cobrados tanto pelo TSE quanto pelo TCU.
Bolsonaristas promoveram fiasco em frente ao TRE-RS
Nessa segunda-feira, 17, ecoando as falsas denúncias de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, um protesto golpista reuniu pouco mais de dez pessoas em frente ao TRE-RS. Os cartazes dos manifestantes pediam voto em cédula e contagem pública , o que seria uma questão de soberania nacional . Também denunciaram o que seria uma máfia internacional de fraude eleitoral . Em uma caixa de som, os bolsonaristas tocaram a Canção do Exército Brasileiro , reforçando sua vinculação com a defesa de um golpe em caso de derrota de Bolsonaro no segundo turno das eleições, que acontece no dia 30 de outubro.