Mais de 1 bilhão de pessoas estão na linha da pobreza aguda no mundo. O dado é de um estudo divulgada na última semana pela Organização das Nações Unidas (ONU) em colaboração Universidade de Oxford, no contexto do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, 17 de outubro. No Brasil, o levantamento apontou redução de 9,6 milhões de pessoas nessa situação em 2023 em comparação com 2022.
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Conforme o estudo, quase metade das pessoas na linha da pobreza aguda (455 milhões) vive em países que estão em guerra. Além disso, a situação é mais grave nas zonas rurais, onde 28% da população mundial é pobre. Nas zonas urbanas, essa condição afeta 6,6% das pessoas.
No Brasil, o levantamento mostrou uma “uma redução muito drástica da fome [em 2023] e, portanto, satisfatória. O que motivou isso no meu ponto de vista foi a retomada das políticas públicas e sociais”, avalia o analista de políticas da Action Aid, Francisco Menezes. Conforme o especialista, “mais acesso à renda é uma das importantes medidas da política de segurança alimentar, que já tinha sido praticada anteriormente pelo presidente Lula nos seus dois mandatos anteriores”, prossegue Menezes.
Também em 2023, cerca de 20 milhões de brasileiros foram retirados de um quadro de insegurança alimentar moderada ou grave, segundo o levantamento do Instituto Fome Zero, a partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. A insegurança alimentar moderada é quando a pessoa não consegue ter as três refeições diárias ou não se alimenta o bastante. Já a insegurança alimentar grave, quando o indivíduo fica um ou mais dias sem comer, em situação de fome.
Bolsonaro levou o Brasil de volta para o mapa da fome
Na opinião do consultor, os programas de transferência de renda do governo Bolsonaro tiveram sérios problemas, sobretudo pela existência dos cadastros online, que não eram acessíveis à população mais necessitada: “Houve muitos erros de implementação, sobretudo no chamado Auxílio Brasil. Não só erros, como se juntou uma parte de outras iniciativas que não funcionaram dentro do programa de transferência de renda do governo Bolsonaro. Isso já vinha desde o governo Temer, com cortes orçamentários bastante elevados, como, por exemplo, o programa de cisternas no semiárido, foi praticamente paralisado. Outras séries de programas foram também extintos ou com orçamento reduzido, tendo, portanto, reflexos nessa situação de fome”, afirma.
Para Francisco Menezes, a falta de medidas adequadas no combate à pandemia piorou a fome no Brasil. “Há uma discussão do quanto a falta de medidas adequadas no combate à pandemia, no negacionismo da vacina, piorando a crise econômica que já era sentida desde 2018”.
Fome dispara na Argentina
Na Argentina a situação se agravou. O número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza aumentou no primeiro semestre deste ano e chegou a 15,7 milhões, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país (Indec), divulgado em setembro. A pesquisa, que abrange 31 aglomerados urbanos do país vizinho aponta que mais da metade da população (52,9%) está em situação de pobreza, cenário que abrange 4,3 milhões de famílias, 42,5% do total do país.
O governo de Javier Milei tem sido acusado de não distribuir alimentos para os restaurantes populares (conhecidos como comedores) deixando os produtos chegarem próximos à data de vencimento. Milei também impôs uma agenda neoliberal que retirou direitos dos trabalhadores, arrochou salários e aumentou as tarifas de serviços públicos.
Dados mundiais
Ainda de acordo com o relatório elaborado em conjunto com a Iniciativa para a Pobreza e o Desenvolvimento Humano da Universidade de Oxford, 3% de 1,1 bilhão de pobres (34 milhões) vivem na América Latina. O levantamento da ONU indica que grande parte da população que vive na pobreza (83,2% de 1,1 bilhão) se encontra nas regiões da África Subsaariana (553 milhões) e no sul da Ásia (402 milhões).
Fonte: CUT