As oficinas de cultura, oferecidas semestralmente pelo Sintrajufe/RS, já passaram por muitas adaptações ao longo do tempo. De 1998, quando foram criadas, até hoje, dezenas de professores e centenas de alunos passaram pelas aulas, aprenderam e ensinaram, trabalharam e se divertiram com o exercício e a celebração da cultura.
As oficinas foram criadas pela primeira gestão do Sintrajufe/RS após a unificação entre o Sindicato dos Trabalhadores da Justiça do Trabalho do RS (Sindjustra) e o Sindicato dos Trabalhadores da Justiça Federal do RS (Sindijusfe), em 1998. Nos primeiros anos, aconteceram a partir de uma parceria com o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, com quem o Sintrajufe/RS dividia a organização e os custos das aulas. Depois, com o fortalecimento do sindicato e a grande procura pelas oficinas, o Sintrajufe/RS assumiu de vez a construção das atividades.
Neste momento, em meio à pandemia do novo coronavírus, outras adaptações precisaram ser feitas, já que é hora de ficar em casa, mas as oficinas não pararam: estão sendo realizadas de forma totalmente online, em formatos preparados pelos oficineiros para melhor instruírem seus alunos e alunas neste período de excepcionalidade e criatividade.
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Oficinas para todos os gostos
Por meio de atividades variadas, as oficinas de cultura buscam oferecer aos participantes um espaço em que possam não apenas desenvolver aptidões, mas também ter momentos de lazer, relaxamento e integração. As oficinas são oferecidas na capital e no interior do estado. Em Porto Alegre, atualmente, são realizadas as oficinas de escrita criativa, dança ritmos, inglês, francês, poesia, teatro, técnica vocal, yoga regular e yoga. Muitas outras aulas e abordagens já foram realizadas e poderão voltar a ocorrer. No interior, também é possível a realização de oficinas de acordo com os projetos que são encaminhados pelas cidades e obedecendo a regulamento próprio.
Aprendizado e celebração da cultura
As oficinas são voltadas para os colegas e as colegas sindicalizados ao Sintrajufe/RS, mas também são abertas ao conjunto da categoria e à comunidade. Assim, nas trocas, laços são criados e fortalecidos e o aprendizado coletivo gera crescimento para todos e todas. Ao longo do semestre, alunos e alunas compartilham experiências enquanto aprendem as técnicas às quais são direcionadas as aulas. Aprimoram, reinventam ou acrescentam aptidões e conhecimentos que levarão para suas vidas.
Ao mesmo tempo, esses novos conhecimentos e experiências são celebrados. A cada semestre, o Sintrajufe/RS realiza uma festa de encerramento das oficinas de cultura, na qual os alunos, sob orientação dos oficineiros, promovem apresentações vinculadas aos temas das oficinas que cursaram nos meses anteriores, para aplausos e diversão de familiares, amigos e colegas.
Do galpão à internet
Elizabeth Jaeger, professora de canto, é a mais longeva oficineira do Sintrajufe/RS: há 20 anos ministra a oficina de técnica vocal. Ela lembra que, no início, as oficinas aconteciam em um galpão, com piso de cimento e telhas à vista. As apresentações, conta, eram feitas em um palanque de madeira improvisado. Isso até a inauguração do prédio dos fundos do Sintrajufe/RS e do Salão Multicultural Alê Junqueira, na sede do sindicato, em 2011.
Elizabeth fala sobre a lógica que procura aplicar na oficina de canto: As aulas das oficinas de canto são lúdicas, com a técnica sendo introduzida junto com a experiência prática. O corpo, a postura, a atitude, a mente, que memoriza, que pensa o movimento, a emoção, o envolvimento com o sensível, o lúdico, o resgate da criança interior, a convivência com o grupo que apoia, acolhe, é fundamental nesse processo. Em suma, todas as atividades desenvolvidas na oficina têm o objetivo de desenvolver a boa comunicação pessoal e interpessoal do aluno, a desinibição corporal e da voz falada e cantada, pois melodia, ritmo e texto poético se interligam quando se interpreta uma canção , comenta.
O escritor Caio Riter, oficineiro do Sintrajufe/RS desde 1999, ministra as aulas de escrita criativa. Ele relata que houve mudanças nas dinâmicas desde lá, mas que os objetivos e os resultados seguem os mesmos. Para ele, a oficina tem sido muito legal na formação, nesse papel de despertar as pessoas para o trabalho com a palavra. Nem todos viraram escritores, mas acabaram se tornando melhores leitores , aponta.
O diretor do Sintrajufe/RS Paulinho Oliveira ressalta a importância das oficinas culturais promovidas pelo sindicato: Acredito que as nossas oficinas sempre tiveram a importante função de proporcionar vivências, tanto culturais e artísticas como trocas de informações e aprendizados diversos, além de aproximarem colegas, familiares e comunidade. Elas dialogam com vários setores da categoria desempenhando o papel inapelável de um sindicato . Ele comenta, ainda, o esforço por manter as oficinas mesmo no contexto atual: Hoje, sob a pandemia e uma gravíssima conjuntura produzida por um governo altamente letal, elas tornaram-se virtuais, trazendo uma nova experiência e mantendo professores e participantes em casa. Elas cumprem uma inestimável função de trazer a iluminação que somente arte e a cultura podem esculpir em nossas capacidades de lutas e resistências .