SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

COAÇÃO CRIMINOSA

MPT registrou 2.549 denúncias de assédio eleitoral contra quase 2 mil empresas, 1.100% a mais do que em 2018

Nos dias que antecederam o segundo turno das eleições deste ano o número de casos de assédio eleitoral praticado por patrões explodiu em relação ao mesmo perí­odo de 2018. Em todo o Brasil, foram registradas 2.549 denúncias contra 1.948 empresas, segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em 2018, foram 212 denúncias contra 98 empresas nos dois turnos da eleição. Só o espaço de denúncias criado pela Central única dos Trabalhadores (CUT) recebeu cerca de 500 denúncias entre os dias 10 e 29 de outubro. A CUT Nacional checou todos os casos e encaminhou ao MPT os que foram confirmados e continham provas.

Os estados com maior número de denúncias foram Minas Gerais (584), Paraná (285), São Paulo (266) e Rio Grande do Sul (283). Só no final de semana da eleição, o MPT-RS registrou, em seus canais de denúncia, 44 notí­cias de assédio eleitoral contra 27 empresas.

A atuação do Ministério Público do Trabalho não acaba com o resultado das eleições: As denúncias de assédio eleitoral registradas não perdem objeto e, por isso, terão andamento normal. Em caso de infrações devidamente comprovadas, poderão ser propostas novas ACPs e/ou TACsinclusive com a penalização das empresas com multas por danos morais coletivos ou individuais , explica o MPT.

Prefeitura e governador denunciados

Até mesmo prefeituras foram acusadas de assédio, como ocorreu em Natal, no Rio Grande do Norte, envolvendo o prefeito álvaro Dias (PSDB) que foi o coordenador da campanha do candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL) na cidade, e a Secretária Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), Ana Valda Galvão. No dia 21, eles organizaram uma reunião com servidores e empresários da capital para ensinar estratégias de assédio e coação eleitoral.

Em outro caso, o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, do Partido Novo, enviou um áudio para um evento que está sob suspeita de promover assédio eleitoral. Trata-se de uma atividade promovida pela Lider Interiores, que tem 1400 funcionários e realizou um evento de conscientização polí­tica na última semana. Zema encaminhou um áudio a um dos diretores da empresa com crí­ticas aos governos do PT e pedindo um crédito para o presidente Bolsonaro .

Casos graves de coação

Reportagem publicada pelo portal G1 dias antes do segundo turno relatou casos como o do pecuarista Cyro Toledo, de Tocantins, que prometia 15º salário aos seus empregados caso Bolsonaro fosse eleito. Nesse caso, o MPT pede, em ação por dano moral coletivo, indenização de R$ 1 milhão. Em Pernambuco, uma psicóloga da rede de recursos humanos Ferreira Costa ameaçou demitir funcionários que declarassem apoio a Lula nas eleições. No Pará, um empresário foi multado em R$ 300 mil após prometer R$ 200 a cada funcionário que não votasse em Lula.

O Sintrajufe/RS também acompanhou as denúncias e relatou o problema em seus meios de comunicação. Um dos casos noticiados pelo sindicato teve a denúncia transformada em ação do MPT contra a Stara Indústria de Implementos Agrí­colas, com sede em Não-Me-Toque e filiais em Carazinho e Santa Rosa, no norte do Rio Grande do Sul. A ação pede R$ 10 milhões de indenização. No dia 3 de outubro, a Stara, cujo dono é um polí­tico apoiador de Jair Bolsonaro (PL), divulgara aos seus fornecedores um documento ameaçando reduzir sua base orçamentária caso Lula (PT) vença as eleições.

No final de setembro, na Bahia, a empresária Roseli Vitória Martelli D™Agostini Lins, sócia da empresa Imbuia Agropecuária LTDA, que produz soja, divulgou um ví­deo nas redes sociais estimulando outros empresários a demitirem trabalhadores e trabalhadoras que forem votar no ex-presidente Lula (PT) nas eleições de outubro.

Poucos dias depois, ví­deo gravado na unidade da Imetame Metalmecânica, de Aracruz, Espí­rito Santo, mostrou o gerente dizendo para os funcionários para não reclamarem no dia que ficarem sem emprego, caso votem no candidato que diz absurdos com relação às famí­lias e a quem empreende . Assuntos absurdos com relação às famí­lias, assuntos absurdos com relação a quem empreende, contra quem tem a coragem de fazer o que nós fazemos e que é estar aqui investindo, sempre para gerar emprego. Quando você vê pessoas falando coisas negativas de quem faz realmente esse paí­s ir pra frente, e você ainda tem coragem de votar nessas pessoas, no futuro você não vai poder reclamar. No dia que você não tiver mais emprego, você não vai poder reclamar, porque você escolheu , diz o gerente da unidade no ví­deo que vazou.