Em meio ao início da tramitação da reforma administrativa no Congresso, parte da cúpula do Judiciário alinhou-se rapidamente a Jair Bolsonaro (sem partido), Paulo Guedes e Rodrigo Maia (DEM-RJ) para defender o desmonte dos serviços públicos, desde que não tenha impacto no próprio salário. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello deram declarações, na última semana, defendendo a reforma administrativa.
Mello afirmou que há necessidade de um enxugamento da administração , de forma linear entre os Poderes, sem explicar a que tipo de enxugamento se referia. O ministro tenta reforçar a ideia de que o Estado brasileiro é inchado e que tem servidores demais, antigo e falso pretexto utilizado pelos setores que querem menos serviços públicos. O Sintrajufe/RS já mostrou a falsidade dessa afirmação repetida inúmeras vezes pela imprensa. Em todos os ramos do judiciário federal as vagas abertas e não preenchidas representam a sobrecarga de trabalho e a demora nos processos, portanto a tese do ministro não faz sentido nem mesmo dentro do Poder Judiciário.
Por sua vez, Toffoli chegou a defender a redução do salário inicial dos juízes. A medida não abarcaria os atuais juízes e seria referente apenas aos salários de entrada. Ou seja, Toffoli não teria seus vencimentos reduzidos e muito menos as gratificações e vantagens recebidas além do subsídio. Na mesma entrevista, inclusive, o presidente do STF declarou achar justo o atual salário dos ministros do Supremo39,2 mil, sem tocar nos penduricalhos que fazem com que o valor recebido ultrapasse o teto constitucional. Os próprios juízes iniciantes, aliás, dos quais Toffoli sugere que seja tirada parte do salário, manteriam esses penduricalhos.
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