SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

"TRAZER SEM APARECER"

Ministro do TSE se encontrou secretamente com Bolsonaro antes de votar contra cassação de mandato

No dia 16 de outubro de 2021, teria ocorrido um encontro sigiloso entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Horbach, no Palácio da Alvoradaresidência oficial do chefe de governo. Dias depois, o tribunal julgou um processo de cassação contra a chapa de Bolsonaro e de seu vice, Hamilton Mourão, por participação em esquema de disparo massivo de fake news nas eleições 2018. A maioria dos ministros avaliaram que, apesar da comprovação do esquema ilí­cito, isso não seria suficiente para cassar a chapa. Somente Horbach e Sérgio Banhos não viram a prática de qualquer crime por parte de Bolsonaro.

O registro da reunião secreta é uma das revelações da quebra do sigilo do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso na operação que deflagrou a falsificação dos dados de vacinação da famí­lia e aliados do então presidente.

Em conversa com o então chefe do gabinete pessoal de Bolsonaro, Célio Faria, foi combinado como operacionalizar buscar secretamente o ministro do TSE para um encontro com o então mandatário: O chefe precisa falar com uma pessoa neste final de semana. Preciso saber o horário e a pessoa pediu para um carro ir buscá-lo , escreveu Faria a Mauro Cid no dia 15 de outubro de 2021. Depois, escreveu: Precisamos operacionalizar buscar o ministro do TSE onde ele estiver e trazer sem aparecer .

De acordo com reportagem da Folha, que obteve os registros da conversa, Faria escreveu em mensagens seguintes o nome do ministro Carlos Horbach. No dia do suposto encontro, Cid confirma: Min [ministro do] TSE [está] com o Pr [presidente] .

Julgamento da cassação

Mesmo avaliando que a comprovação do esquema não seria suficiente para cassar a chapa Bolsonaro-Mourão, os ministros do TSE decidiram enquadrar a disseminação abusiva de fake news como abuso de poder polí­tico e uso indevido de meios de comunicação, o que poderia levar à cassação de um mandato. Somente o ministro Carlos Horbach não concordou com esse entendimento.

O mandato de Horbach como ministro do TSE termina nesta quinta-feira, 18. Ele informou que não pedirá a recondução ao cargo.

Com informações de Folha de S. Paulo e portal GGN