SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Especialista alerta: fim do auxí­lio emergencial pode fazer desigualdade voltar ao patamar da década de 1980

O jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta quarta-feira, 2, reportagem que traz mais um dado alarmante sobre a situação da pobreza no Brasil. Conforme especialista entrevistado pelo jornal, o fim do auxí­lio emergencial, previsto e defendido por Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes, pode fazer com que o paí­s volte aos í­ndices de desigualdade da década de 1980. O í­ndice de pobreza poderá alcançar um quarto da população.

O Estado entrevistou o sociólogo Rogério Barbosa, do Instituto de Estudos Sociais e Polí­ticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, o í­ndice de pobreza, situação de quem recebe até um terço do salário mí­nimo (hoje, R$ 348), caiu de 18,7% em 2019 para 11% em setembro de 2020. Sem os benefí­cios pagos pelo governo federal, esse indicador pode disparar e alcançar 24%, ou seja, quase um quarto de toda a população . A renda média da população irá cair gravemente: de R$ 1.321 em setembro para R$ 1.187, sem o auxí­lio. Além disso, o auxí­lio emergencial garantiu um aumento na renda da população que está entre os 40% mais pobresas perdas haviam começado em 2014 e vêm se aprofundando, mas o auxí­lio emergencial vem mitigando o problema.

Desemprego e informalidade

Com a pandemia e as dificuldades para encontrar trabalho, cerca de 15 milhões de brasileiros e brasileiras não estão procurando emprego, o que faz reduzir o número oficial de desempregados. Porém, o fim do auxí­lio emergencial e o aumento da pobreza irão empurrar muitas dessas pessoas de volta à busca por alguma renda. Isso pode levar o número de desempregos a 30 milhões, conforme o sociólogo. A informalidade, que hoje está em 40%, pode alcançar mais da metade da população.

Pobreza e desigualdade

Esse cenário pode levar um quarto da população à situação de pobreza, algo que não se vê no Brasil há pelo menos 20 anos. Conforme Barbosa, quando a pandemia passar, nem sabemos quando vai acontecer, os pequenos negócios não voltarão a funcionar automaticamente. Se não houver um tipo de auxí­lio para segurar as pessoas que ficarão fora do mercado de trabalho, podemos ter problemas muito graves com a desigualdade .

Prioridade do governo não é o povo

As polí­ticas do atual governo, porém, não enfrentam o problema. Como o Sintrajufe/RS já apontou no iní­cio de novembro, nos próximos meses vencem tí­tulos da dí­vida pública com valores que representam muito mais um ano de pagamento do auxí­lio emergencial.

As prioridades do governo passam pelo mercado financeiro e pelos bancos, pelos afagos aos militares e aos altos escalões dos poderes. Por outro lado, estão longe das necessidades da população: polí­ticas de geração de emprego, de recuperação econômica na pandemia, de combate à miséria não estão em perspectiva nem de Bolsonaro nem de Rodrigo Maia.

Mobilização

A mobilização aparece, assim, como o único caminho para a classe trabalhadora enfrentar o governo Bolsonaro e dar iní­cio à retomada do paí­s. O enfrentamento do desmonte dos serviços públicos e a construção de uma agenda de desenvolvimento e de proteção à população são urgentes. Nesta sexta-feira, 4, o Sintrajufe/RS realiza assembleia geral para preparar a continuidade da luta.