SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DIREITOS LGBT+

Entre avanços e ataques, direitos LGBT+ encontram diferentes cenários pelo mundo, mostra reportagem do El Paí­s

O jornal espanhol El Paí­s publicou nessa quarta-feira, 28, uma extensa reportagem sobre a situação das pessoas LGBT+ no mundo. A matéria destaca avanços e denuncia retrocessos ao redor do planeta, incluindo o Brasil, caracterizado como um paraí­so e um inferno , e enumera leis que criminalizam as pessoas LGBT+ ainda presentes em diversos paí­ses.

A reportagem, escrita pelas jornalistas Silvia Blanco e Andre Garcí­a Baroja, explica que, nos últimos 30 anos, 49 dos 193 Estados da ONU descriminalizaram as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo . Por outro lado, aponta o texto, um terço dos paí­ses do mundo ainda têm leis que criminalizam a população LGBT+ . Os dados são da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Interssexuais (Ilga, na sigla em espanhol), composta por mais de 1.800 organizações em mais de 160 paí­ses. A avaliação é de que, ao mesmo tempo em que há avanços em diversos paí­ses, em outros há fortes retrocessos.

Na Europa, ameaças; nos Estados Unidos, assédio sem precedentes

Conforme a matéria, a Europa é uma das regiões mais seguras para a população LGBT+, sendo que 20 dos 35 paí­ses onde o casamento homoafetivo está legalizado ficam no continente. Porém, adverte o texto, há sombras, muitas sombras , especialmente com a ascensão de polí­ticos aspirantes a autocratas, mas também por conta de violência social contra essa população, resultando, em 2022, no ano mais violento em uma década para a comunidade LGBT+ , segundo informe da Ilga-Europa.

A matéria destaca três casos especialmente preocupantes: a Hungria e a Polônia, onde há até mesmo proibição para falar sobre orientação sexual nas escolas e meios de comunicação; e a Rússia, onde primeiro a comunidade LGBT+ foi silenciada com a desculpa de que a sexualidade de cada um deve ficar em casa e, depois, ameaças ainda mais graves foram surgindo, como um projeto que tramita no parlamento e que pretende proibir a mudança de sexo para pessoas trans.

Já nos Estados Unidos, a matéria fala em um momento de assédio sem precedentes , com ao menos 356 ataques contra a comunidade LGBT+ entre junho de 2022 e abril de 2023, incluindo manifestações destinadas a intimidar organizadores e público de shows drag, ameaças de bomba contra hospitais que oferecem atendimento médico a pessoas LGBT+ e um tiroteio massivo que custou a vida de cinco pessoas em um clube de Colorado Springs .

Brasil: um paraí­so e um inferno

Na América Latina, o El Paí­s destaca ódio e assassinatos nas ruas e, embora informe que, nas últimas décadas, a região tenha avançado no reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT+, o que foi conquistado legalmente não se traduziu em redução da violência, da homofobia e da transfobia. Assim, entre 2014 e 2021, 3.961 pessoas LGBT+ foram assassinadas na região. Ao mesmo tempo, a matéria sublinha que as mobilizações da sociedade civil têm sido fundamentais para o reconhecimento pleno dos direitos dessa população. No caso do Brasil, a reportagem pontua que há, ao mesmo tempo, uma crescente visibilidade e inserção no mercado de trabalho, e, por outro lado, í­ndices de violência aterradores.

Na áfrica, uma onda de homofobia ; no Oriente Médio, a discriminação é lei

A reportagem denuncia que uma onda de homofobia atravessa a áfrica e relata que, em Uganda, foi aprovada recentemente uma das leis mais repressivas contra a comunidade LGBT+ no continente, com a imposição de 20 anos de prisão para quem faça promoção da homossexualidade . Mas esse, adverte, não é um caso isolado no continente, onde paí­ses como Tanzânia e Sudão do Sul e até mesmo regimes mais democráticos como Gana e Quênia preparam leis para endurecer as regras para pessoas LGBT+.

No Oriente Médio, diz El Paí­s, a grande maioria dos paí­ses criminalizam nas leis ou na prática o sexo homossexual. Há, ainda, três paí­ses em que até mesmo a pena de morte é habitualmente utilizada para punir pessoas LGBT+: Arábia Saudita, Irã e Iêmen. Já Israel, embora, segundo a matéria, seja o paí­s da região mais respeitoso com os direitos LGBT+ , ainda não reconhece o casamento nem a adoção por casais homoafevitos. O atual governo, porém, tem, conforme o texto, ministros abertamente homofóbicos e um poder inédito dos partidos religiosos e de ultradireita .

ásia: avanços em alguns paí­ses, retrocessos em outros

A reportagem do El Paí­s destaca que, no caso do continente asiático, há paí­ses que têm avançado no tema, enquanto outros vêm dando passos atrás. Na China, por exemplo, há piora na legislação e um panorama sombrio , embora o paí­s siga reconhecendo o direito à troca legal de gênero sempre que haja intervenção cirúrgica. Já na índia, a homossexualidade foi descriminalizada em 2018, mas tudo o que tem a ver com a diversidade segue sendo um tabu no paí­s, com discriminação sistêmica e violência.

Leia AQUI a reportagem do El Paí­s na í­ntegra, em espanhol.